terça-feira, 29 de abril de 2014

Como lidar com as mudanças psicológicas durante a adolescência?



Especialista garante que a informação tem um papel fundamental nesta etapa e que pode ajudar o jovem a passar pelas mudanças desta fase de maneira mais fácil e positiva.

 

A adolescência é a fase da vida em que acontecem mudanças intensas no aspecto psicológico, mas também é um momento de descobertas e novas emoções. A falta de informação pode ser um problema nesta etapa de incertezas e insegurança, para muitos. Por isso, saber um pouco mais sobre essas mudanças pode ajudar o jovem a vivenciá-la de uma maneira mais fácil e positiva. Nenhuma informação substitui a experiência, mas ajuda a perceber que tudo isso pode ser normal.


A psicóloga Roneida Gontijo Couto, explica que primeiramente o jovem deve buscar informações a respeito das transformações que estão acontecendo e suas atitudes. “Esses conteúdos devem transmitir a eles certa credibilidade, sendo geralmente encontrados nas escolas, na própria família ou com profissionais da área. Os meios de comunicação também são fontes importantes, porém devido à imaturidade, eles têm dificuldade de filtrar as informações adequadas”.

Segundo a especialista, as principais mudanças de comportamento e psicológicas que surgem nessa fase estão relacionadas a muitos sentimentos contraditórios. “Ao mesmo tempo em que o jovem ele se vê feliz, pode ficar triste, amável, rude, amigo ou inimigo, motivado ou desmotivado, sentir amor e ódio, ou seja, vários sentimentos confusos que os deixam inseguros. Com isso, o comportamento do adolescente se torna totalmente instável, amedrontando ele e as outras pessoas que estão por perto”.

O papel dos amigos e familiares nesta fase

Por isso, os amigos e familiares possuem um papel fundamental nesta fase da vida. De acordo com Roneida, a busca da identificação e formação dos adolescentes surge nos grupos de amizade. “É importante para eles escolherem o que querem para si e o que não querem. Já a família serve como um alicerce, transmitindo segurança ao adolescente. Eles são o referencial do jovem, tanto no aspecto positivo, como negativo, fazendo ele se espelhar no comportamento e atitudes dos pais”.

Mas, no momento que a família e o próprio adolescente percebem a necessidade de fazer mudanças e não conseguem, é hora de buscar uma ajuda profissional. “Quando o jovem têm dificuldades para passar por esse processo de mudança, podem surgir vários problemas de comportamento, como desvios de conduta, agressividade, uso de drogas, descontrole emocional, falta de comprometimento consigo e com outro, desrespeito, abandono de estudo e outros. Tornando-se um adulto totalmente desestruturado e consequentemente tendo uma vida também desestruturada”.

Serviço:
Projeto Adolescer

Com o objetivo de proporcionar um maior esclarecimento aos pais e adolescentes nesta fase de tantas incertezas, o Projeto Adolescer ajuda no desenvolvimento natural que todos os adolescentes passam. Além de criar um espaço para a troca de informações, dúvidas e integrá-los para que vivenciem seus momentos de forma mais consciente e segura.

O grupo tem duração de cinco meses, com encontros quinzenais dos jovens e com os pais uma vez por mês, com duração de 1h30 cada.

Informações:
Início: Julho/2014 – Vagas limitadas
Faixa etária: 12 a 15 anos
Período de inscrição: 5/5 a 30/06
Investimento: R$ 350,00 (desconto de 15% para inscrições até 30/05)
Contato: (31) 2531- 3965 ou 9251-6238
 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Cérebro humano atinge máximo desempenho até os 24 anos

Pesquisa constatou que declínio cognitivo começa bem antes dos 50


Se você estiver com mais de 24 anos, já atingiu seu pico em termos de desempenho motor e cognitivo, de acordo com um novo estudo da Universidade Simon Fraser, no Canadá. A equipe investigou quando começamos a experimentar um declínio relacionado à idade em nossas habilidades motoras e cognitivas e como podemos compensar isso.

Os pesquisadores analisaram os registros de desempenho de 3.305 jogadores de Star Craft 2 com idades entre 16 a 44 anos. Este é um jogo de computador competitivo de guerra e intergaláctico. Seus dados representam milhares de horas de movimentos estratégicos baseados em ações cognitivas em tempo real e realizados a partir de diferentes habilidades.

Os cientistas avaliaram, dentro do significado das informações, como os participantes reagiram aos seus adversários e, mais importante, o tempo que levaram para reagir.

— Os voluntários com 24 anos ou mais mostraram desaceleração em uma medida de velocidade cognitiva que é conhecida pela sua importância para o desempenho. Esta diminuição da cognição está presente mesmo em níveis mais altos de habilidade — explica o autor Joe Thompson.

No entanto, os jogadores mais velhos, embora mais lentos, parecem compensar empregando estratégias mais simples e usando a interface do jogo de forma mais eficiente do que os mais jovens. Isso os permitiria manter a sua habilidade, apesar das perdas de velocidade motora e cognitiva. Os mais velhos usavam, por exemplo, atalhos e teclas de comando sofisticados mais facilmente para compensar a velocidade de declínio na execução de decisões em tempo real.

— As evidências sugerem que as nossas capacidades cognitivo-motoras não são estáveis em toda a nossa vida adulta, mas estão em movimento constante, e que o nosso desempenho no dia-a-dia é o resultado da interação constante entre a mudança e a adaptação — esclarece Thompson.

O autor diz ainda que o estudo não nos informa sobre como o nosso mundo cada vez mais informatizado pode vir a afetar os nossos comportamentos adaptativos para compensar a queda nas habilidades motoras e cognitivas.
 
FONTE: ZeroHora

terça-feira, 22 de abril de 2014

Inversão de papéis entre pais e filhos é causa comum de conflitos

"... inversão de papéis é nítida [...] quando observamos filhos tratarem pais como crianças"

 
Uma das causas mais comuns de conflitos internos e familiares ocorre quando pais e filhos trocam de papéis no sistema familiar.

Existe uma hierarquia natural determinada pela própria vida onde os pais se encontram sempre acima dos próprios filhos, afinal esses só tiveram a chance de estar vivos por causa de uma ação dos pais.

Quando os filhos colocam-se numa postura superior ou acima dos próprios pais, eles acabam indo contra uma ordem natural da vida causando conflitos internos e tensões nos relacionamentos familiares.
O mesmo pode ocorrer quando os pais se colocam abaixo ou numa postura inferior aos próprios filhos.

Somente uma pessoa pode ocupar um papel de cada vez na dinâmica entre pais e filhos. Colocar-se acima ou abaixo de uma outra pessoa pode acontecer quando nos sentimos superiores ou inferiores a alguém, ou quando agimos como tendo mais ou menos poder que uma outra pessoa.

Na infância raramente existe essa troca de papéis entre pais e filhos justamente devido à dependência que as crianças tem de seus pais. Entretanto, conforme a criança se torna adulta e conquista sua independência, é comum que algumas pessoas se sintam melhores ou maiores que os próprios pais, ou que os pais se sintam piores ou menores que os próprios filhos. Algumas vezes essa inversão de papéis é nítida até mesmo no comportamento quando observamos filhos tratarem pais como crianças. A inversão de papéis pode se agravar em algumas pessoas conforme os pais vão envelhecendo e perdendo a capacidade de cuidar da própria saúde.

Humildade contribui para o desempenho equilibrado de papéis

Caso os pais necessitem de auxílio físico devido à idade avançada, é importante que os filhos consigam manter o sentimento de humildade perante aqueles que lhe deram a vida. Essa postura colocará cada um no seu devido lugar. E você? Como se coloca em relação aos seus pais e aos seus filhos? Lembre-se que o rio flui em apenas um sentido.

FONTE: UOL

quarta-feira, 16 de abril de 2014

O papel da pedagogia hospitalar

 

Não só todo o acontecimento tem sua história, como essa história é caracterizada por mudanças no decorrer dos tempos. Hoje o Ministério da educação em parceria com o Ministério da Saúde está promovendo o desenvolvimento intelectual das crianças e adolescentes internados de forma muito diferente de algumas décadas atrás.

Atualmente na sociedade contemporânea o conhecimento assume posição central e nenhuma criança ou adolescente, deve ter privado o direito de ter acesso ao conhecimento, mesmo estando internado em leitos hospitalares. É reconhecido por todos, que o conhecimento hoje pode ser obtido de inúmeras formas e fontes, levando-se em consideração que as informações estão acessíveis em toda parte como (jornais, revistas, internet, computadores, celulares, classes hospitalares, brinquedotecas...) e não mais centrada somente na escola.


Efetivamente começam a surgir indagações sobre o direito do acesso ao conhecimento, bem como o papel e a função da pedagogia hospitalar, esclarecemos que:
“o papel da educação no hospital e, com ela, o do professor, é propiciar a criança o conhecimento e a compreensão daquele espaço, ressignificando não somente a ele, como a própria criança, sua doença e suas relações nessa nova situação de vida. A escuta pedagógica surge, assim, como uma metodologia educativa própria do que chamamos pedagogia hospitalar. Seu objetivo é acolher a ansiedade e as dúvidas da criança hospitalizada, criar situações coletivas de reflexão sobre elas, construindo novos conhecimentos que contribuam para uma nova compreensão de sua existência, possibilitando a melhora do seu quadro clínico.” (FREITAS 2005, p. 135 apud CASTRO 2009, p. 47).


No ano de 1969 aparece sob forma de documento, legislação as primeiras indicações da pedagogia hospitalar, através do Decreto-Lei nº 1.044 - de 21 de outubro de 1969 – DOU DE 21/10/69. As orientações referidas sob forma de lei consideram:


“Que a Constituição assegura a todos o direito à educação; CONSIDERANDO que as condições de saúde nem sempre permitem frequência do educando à escola, na proporção mínima exigida em lei, embora se encontrando o aluno em condições de aprendizagem; CONSIDERANDO que a legislação admite, de um lado, o regime excepcional de classes especiais, de outro, o da equivalência de cursos e estudos, bem como o da educação peculiar dos excepcionais; DECRETAM: Art. 1º São considerados merecedores de tratamento excepcional os alunos de qualquer nível de ensino, portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismo ou outras condições mórbitas, determinando distúrbios agudos ou agudizados” [...]. (BRASIL, 1969).


FONTE: Portal da Educação

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Conheça o EMDR: uma nova terapia para traumas

A técnica também auxilia o tratamento de depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade, distúrbios do sono e a superar os lutos
Em 1984, Rosana Leite sofreu um acidente de carro e rompeu os tendões da mão direita, e não dirigiu à noite por mais de 15 anos. Já Silvia Guz lesionou o tendão do cotovelo na mesma circunstância, quase perdeu os movimentos do braço e sentia dores constantes. Apesar dos tratamentos convencionais, as lembranças e as dores de ambas não desapareciam. Mas, com a técnica terapêutica Eye Movement Desensitization and Reprocessing (Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares - EMDR), elas conseguiram superar seus traumas num tempo mínimo.

Criada na década de 1980 pela psicóloga americana Francine Shapiro, a prática foi desenvolvida para pessoas com transtorno de estresse pós-traumático. Hoje ela também auxilia o tratamento de doenças como depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade etc. De acordo com a psicóloga e representante do EMDR no Brasil, Esly Regina Souza de Carvalho, a terapia permite o reprocessamento neurológico de lembranças difíceis e dolorosas. E isso é possível por meio da integração do conteúdo neuronal em diferentes hemisférios cerebrais. "Com o EMDR criamos uma situação onde o próprio cérebro encontra um caminho de autorregulação. Por isso, é muito mais rápido que as terapias tradicionais", explica a especialista. Casos complexos que envolvam medo, dor ou insegurança podem logo desaparecer.

Diferentemente das terapias tradicionais, onde a palavra é necessária para o relato dos fatos traumáticos, a técnica permite que os pacientes reprocessem em silêncio os acontecimentos que lhes causam vergonha ou humilhação. Mas atenção: procure um especialista devidamente habilitado para não agravar o problema. Segundo a terapeuta Sílvia Malamud, do Instituto Sedes Sapientiae, para aplicar o EMDR, o profissional precisa ter conhecimento, prática e responsabilidade. "Durante o tratamento, inúmeras lembranças e situações inesperadas podem surgir, e somente um profissional capacitado terá condições de lidar com determinadas demandas", diz. Crianças podem se beneficiar da técnica, cujas únicas contraindicações são os quadros psicóticos agudos (esquizofrenia), e mulheres grávidas. Para Sílvia, "o EMDR funciona como uma terapia cerebral, pois o indivíduo acaba refazendo conexões cerebrais, trabalhando novas sinapses".

5 razões para conhecer o EMDR

1. A terapia estimula o autoconhecimento, mudança do estilo de vida, além de auxiliar na superação de traumas.  
2. Promove a liberação de padrões repetitivos (violência, raiva, timidez excessiva e medo). 3. É indicado para pânicos em geral, ansiedades e fobias.  
4. Distúrbios do sono em geral apresentam melhora, pois a técnica trata as lembranças ruins que impedem o sono reparador.
5. Os lutos (morte, divórcio, mudança de vida) são vividos de uma forma mais saudável.

 
Como funcionam as sessões?
 
Elas podem ser mensais ou semanais (duração de 50 minutos até 2 horas). Após o relato do paciente, o terapeuta avalia o caso e o grau da perturbação (de 0 a 10). Essa escala permitirá a análise da evolução do tratamento, até o desaparecimento dos sintomas. Segue-se a estimulação bilateral, método que promove o "diálogo" entre as lembranças traumáticas, os hemisférios cerebrais e a "metabolização" (reprocessamento) do trauma, por meio de exercícios oculares. Paulatinamente, haverá o distanciamento da perturbação, pois o EMDR reproduz o movimento rápido ocular (REM), que ocorre durante o sono. Ao dormirmos, reprocessamos naturalmente as experiências diárias. A técnica recria esse sistema e estimula o paciente a se recordar dos fatos difíceis enquanto move os olhos. O cérebro se encarrega de reprocessá-los espontaneamente. A alta terapêutica dependerá de como cada paciente reagirá ao tratamento.


FONTE: Revista Viva Saúde

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Entenda: criança dispersa e déficit de atenção são coisas diferentes


Segundo definição da ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção), o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e que frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Também chamado de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção), o problema é reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e, ainda de acordo com a ABDA, atinge de 3% a 5% das crianças no mundo todo.

O transtorno é real, mas não deve ser confundido com uma desatenção característica de determinadas fases do desenvolvimento infantil. Seu diagnóstico é complexo, envolvendo uma avaliação clínica detalhada da criança nos vários ambientes que ela frequenta, como casa e escola.

A seguir confira nove perguntas e respostas sobre o transtorno:

1) O que é TDAH?

Segundo Guilherme Polanczyk, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, o TDAH é um transtorno caracterizado por sintomas intensos e frequentes de desatenção, hiperatividade, impulsividade, que não são esperados para o momento do desenvolvimento em que a criança se encontra.

2) Em qual fase da vida é possível diagnosticar uma criança com o transtorno?


"Em geral, até os cinco anos, é normal que a criança seja mais inquieta e não consiga se concentrar em uma mesma atividade por muito tempo. Portanto, o TDAH é mais diagnosticado a partir dos seis ou sete anos, quando se inicia o processo de alfabetização", afirma Maria Conceição do Rosário, professora-adjunta do Departamento de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "É preciso tomar muito cuidado para não taxar de hiperativa uma criança que, na verdade, está apenas em uma fase mais agitada."

Apesar de poder ser diagnosticado em idade escolar, o TDAH  não está relacionado apenas com a escola. "Muitos associam, mas essa é uma visão equivocada. Diversos estudos mostram que o transtorno é causa de acidentes domésticos e pode aparecer em ambientes recreativos. Ele provoca estresse no convívio familiar e prejuízo na interação com amigos", diz Polanczyk.

3) Qual é o melhor profissional para tratar o transtorno?

Para Míriam Ribeiro de Faria Silveira, membro do Departamento do Comportamento e Desenvolvimento da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), o médico pediatra tem um papel muito importante no tratamento por ser quem mais conhece e acompanha o desenvolvimento da criança. É ele quem deve encaminhá-la para um profissional especializado na área de psiquiatria e/ou neurologia.

4) Como é feito o diagnóstico de TDAH?
"Não existe nenhum exame para detectar o TDAH. O diagnóstico é feito por avaliação clínica bem detalhada, que demanda tempo, pois exige entrevistas com a criança, os pais, além de coleta de informações sobre o comportamento na escola e com os amigos", declara Maria do Rosário, da Unifesp.

Para Polanczyk, da USP, eventualmente, são feitos testes complementares, como avaliação neurológica e psicopedagógica.

5) Quais sintomas uma criança que tem TDAH apresenta?

Segundo Polanczyk, os principais sintomas são: dificuldade em permanecer atento a uma tarefa e de esperar, desorganização e inquietação demasiada.

Os especialistas lembram que, para ter TDAH, é preciso que esses sinais estejam presentes em mais de um ambiente (em casa e na escola, por exemplo) e estejam acontecendo há mais de seis meses.

6) É mais fácil observar os sintomas em casa ou na escola?

"Frequentemente, os pais percebem a presença dos sintomas antes da escola, mas não têm clareza se essas manifestações são esperadas ou não para a idade. Nesse contexto, a escola serve como um balizador, apontando que determinados comportamentos são de fato disfuncionais e merecem avaliação especializada", fala Polanczyk.

7) O TDAH é hereditário?

"Sim. Está entre as características mais herdadas, como a altura, por exemplo. Mas a criança também sofre influências ambientais, por isso, quanto mais cedo começa o tratamento, maiores as chances de uma boa resposta e uma evolução melhor", diz Maria do Rosário.

8) Quais são os tipos de tratamento para o TDAH?

Segundo Maria do Rosário, da Unifesp, é primordial que pais e educadores que acompanham a criança entendam e conheçam profundamente o assunto. Em seguida, vem o acompanhamento com terapia, que é fundamental para toda a família, pois ajuda a saber lidar melhor com quem possui o transtorno e com possíveis diagnósticos associados, como baixa autoestima, dificuldade na escola e problemas na fala.

Polanczyk ressalta que, em casos leves, nos quais os prejuízos funcionais –como rendimento escolar– são mínimos, pode-se optar apenas pelo tratamento terapêutico. Caso apenas essas alternativas não sejam suficientes, existe o  tratamento farmacológico.

Os remédios são chamados psicoestimulantes e atuam em áreas do cérebro responsáveis pelo controle do que fazer e em qual momento, e ajudam a focar a atenção.

9) O distúrbio pode "desaparecer" com o passar do tempo?

Fatores genéticos e ambientais precoces (baixo peso no nascimento, prematuridade, exposição intrauterina a toxinas) são risco para o transtorno.

"Não existe cura, mas, em 50% dos casos, os sintomas diminuem na adolescência e na fase adulta", declara Maria do Rosário.

FONTE:
Mulher UOL

terça-feira, 8 de abril de 2014

Transtorno bipolar atinge 4% dos adultos. Saiba mais sobre a doença

No Brasil, número de pessoas afetadas pode chegar a 6 milhões. Maioria dos casos surge na adolescência, mas detecção leva até 13 anos.

Ben Stiller é um dos famosos com transtorno bipolar (Foto: Robin Marchant/Getty Images North America/AFP)


Cerca de 4% da população adulta mundial sofre de transtorno bipolar e, segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), essa prevalência vale também para o Brasil, o que representa 6 milhões de pessoas no país.
A doença, caracterizada por alterações de humor, com fases de depressão e euforia (mania), tem se tornado cada vez mais discutida – os primeiros casos do distúrbio foram descritos com outros nomes 460 anos a.C., pelo grego Hipócrates, considerado o "pai da medicina" –, mas o diagnóstico ainda é difícil e leva, em média, entre 8 e 13 anos para ser feito.
"As mudanças de humor podem ser bruscas, mas a duração de cada episódio, não. A depressão é geralmente igual ou superior a 15 dias (podendo chegar a 2 anos), a mania dura pelo menos uma semana e a hipomania (euforia leve) demora ao menos quatro dias. E tudo isso é intercalado com fases de normalidade", explica a presidente da ABTB, Ângela Scippa.
Além disso, o quadro – que em 60% dos casos se manifesta na adolescência, mas só é descoberto na idade adulta – inclui outros sintomas, como alterações de energia (agitação, pensamento e fala rápidos), sono (insônia ou necessidade de dormir pouco), apetite (bulimia), comportamento (dificuldade de concentração e memória, agressividade, compras compulsivas e hábitos de risco, como sexo sem proteção) e pensamento (delírios e alucinações). Já se a pessoa estiver deprimida, tende a sentir mais fadiga, lentidão, falta de energia e esperança, apresentar ideias negativas e culpa excessiva, e perder o prazer na vida.
Como, em geral, essas pessoas têm rotinas desregradas e a doença é detectada tardiamente, muitas vezes também há problemas cardiovasculares envolvidos, como colesterol e triglicérides, diabetes tipo2, abuso de álcool e drogas (de 40% a 60% dos casos) e até suicídios (de 5% e 15% do total), aponta a presidente da ABTB.
Em 30% a 70% dos casos de bipolaridade, ainda há algum outro distúrbio psiquiátrico relacionado, como fobias, síndrome do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de personalidade e transtorno do deficit de atenção e hiperatividade (TDAH)."O problema não ocorre por falta de serotonina (hormônio do bem-estar), mas por uma desregulação dos mecanismos de neurotransmissores (substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios) em diversas áreas do sistema nervoso central", afirma Ângela.Segundo ela, a bipolaridade é a segunda causa de incapacidade para o trabalho entre as doenças mentais, atrás apenas da depressão – em terceiro, vem a esquizofrenia.
"No transtorno bipolar, o humor da pessoa está inadequado para aquele momento, para aquela condição", complementa o psiquiatra Teng Chei Tung, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Transtorno bipolar x criatividade
Muitos artistas já vieram a público falar que são bipolares. É o caso dos atores de Hollywood Catherine Zeta-Jones, Ben Stiller, Jim Carrey e Jean-Claude Van Damme, além da cantora americana Britney Spears.
"No Brasil, temos a cantora Rita Lee, a atriz Cássia Kiss, o ator Maurício Mattar, entre outros", enumera o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva.A doença já foi ligada a uma maior habilidade criativa e a um comportamento contestador, mas, de acordo com Silva, a capacidade de criação se perde nos picos de mania e depressão.
Para a psiquiatra Helena Maria Calil, professora livre docente do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), há uma associação histórica entre transtorno bipolar e criatividade, em pintores (como Van Gogh), escultores e outros artistas.
"Os artistas ajudam a diminuir o preconceito, pois, quando alguém muito conhecido admite que tem o problema, outras pessoas que sofrem da doença e não buscam tratamento acabam se identificando", destaca Helena.
Genética, hormônios e infância
Segundo os psiquiatras, há componentes genéticos e ambientais envolvidos na manifestação do transtorno bipolar. E a hereditariedade da doença pode chegar a 70% em parentes de primeiro grau (quando a mãe, o pai ou irmãos têm o distúrbio).
As variações hormonais do ciclo menstrual e do pós-parto também podem interferir para desencadear crises nas mulheres, de acordo com os médicos. Mas não há diferenças de prevalência entre os sexos – o que existe é um maior diagnóstico entre o sexo feminino, possivelmente porque as mulheres cuidam mais da saúde que os homens. A detecção também é geralmente feita nos estados depressivos, pois os pacientes eufóricos tendem a achar que estão bem, felizes e não precisam de ajuda.
Além disso, fatores ambientais experimentados na infância, como maus tratos, negligência por parte dos pais, abuso sexual e até uma vida desorganizada, sem horários certos para comer ou dormir, podem favorecer a bipolaridade ou novas crises, segundo os psiquiatras.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do transtorno bipolar é clínico, com base no histórico do paciente, pois ainda não há exames de imagem ou laboratório para detectar a doença. E o tratamento deve ser contínuo, ou seja, para a vida toda. Normalmente são usados estabilizadores de humor, à base de lítio, anticonvulsivantes e/ou antipsicóticos.
"Não há como controlar a bipolaridade sem medicamentos, e eles devem ser usados sempre, não só nas crises", diz Silva.  Além disso, fazer acompanhamento terapêutico com um psicólogo pode aumentar as chances de melhora. Essa necessidade, porém, é avaliada caso a caso.
Os médicos recomendam, ainda, abstinência de cafeína, nicotina e álcool, e redução do açúcar da dieta. Remédios emagrecedores e outros estimulantes do sistema nervoso central devem ser abolidos.
"A adesão ao tratamento precisa ser muito bem trabalhada, com o paciente e a família. Eles devem ser esclarecidos e orientados, pois muitas vezes precisam mudar todo um estilo de vida", diz Silva.
Com os cuidados necessários, as pessoas com transtorno bipolar podem levar uma vida normal e bastante produtiva, ressaltam os médicos.
FONTE: Bem Estar