quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Supervisão constante dos pais torna as crianças mais inseguras

Estar perto é bom, mas não tão perto assim; a preocupação excessiva pelo bem-estar dos filhos pode ter o efeito reverso e atrapalhar o desenvolvimento infantil

Estar perto dos pequenos e querer protegê-los dos perigos do mundo, principalmente de acidentes ou machucados, são atitudes absolutamente normais, comuns à maioria dos pais. Essa presença também é importante para que os filhos se sintam amparados por aqueles que são o “porto seguro” deles. Supervisioná-los, portanto, não é uma postura condenável. O problema é quando essa interferência passa a limitar as vivências das crianças.
“Supervisão e superproteção são termos bem distintos. A supervisão faz parte do desenvolvimento da criança. É a interferência como proteção saudável, sem tentar manipular as experiências infantis. Os pequenos precisam passar por essas situações de vivência, mesmo que se machuquem algumas vezes. A supervisão constante é um tipo de interferência negativa, que impede a criança de passar por coisas novas”, explica Josiane Viotto, pedagoga e professora de Pedagogia da Unopar.

Autonomia

Não pode engatinhar no chão, não pode brincar no parquinho sozinha, não pode ir no colo de outras pessoas. Esses são só alguns exemplos de atitudes que ultrapassam o limite da supervisão sensata da integridade física, quando os pais não permitem que os pequenos andem com as próprias pernas. Privá-los desse contato com o mundo que os cerca compromete não só o amadurecimento emocional deles, como também o desenvolvimento social e cognitivo infantil.
Em outras palavras, uma criança que não desenvolve a própria autonomia tem mais dificuldade de aprendizagem e para se relacionar na escola, com outras crianças. “Os pais não podem ficar eternamente perto dos filhos para protegê-los. Quanto mais eles crescem, mais situações complexas e difíceis precisarão enfrentar. Se nunca aprenderam a lidar com isso e nunca precisaram brigar pelo o que querem, como vai ser isso na fase adulta? A frustração é muito maior, pois eles não desenvolveram esses mecanismos de defesa”, afirma a psicóloga Ely Harasawa, da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

Proteção

Quando o primeiro filho de Loreta Berezutchi nasceu, a reação inicial da blogueira foi comprar protetores para as tomadas e quinas dos móveis da casa, para que ele se machucasse o menos possível.
Conforme Pedro crescia, os protetores o atraíam ainda mais. “Percebi que todo aquele cerco era inútil, porque o Pedro ia lá e arrancava tudo. Foi quando cheguei à conclusão que seria melhor explicar para ele os perigos e ensiná-lo a não mexer nas tomadas, por exemplo”, conta Loreta.
As conversas começaram com a tomada, mas acabaram norteando todas as experiências na vida do menino. Em vez de supervisionar o filho constantemente, Loreta encontrou no diálogo um caminho mais assertivo, que realmente era compreendido por Pedro, no lugar do “não pelo não”. Assim, a mãe também ficava mais tranquila ao deixar o filho visitar a casa dos avós ou de outros amiguinhos.
E ela acertou. Para estimular esse processo de independência sem colocar as crianças em risco a saída é mesmo o diálogo, segundo os especialistas. O melhor é conversar com as crianças sobre os perigos de determinada atividade e como evitá-los, mas permitindo que elas conheçam tudo por conta própria.
“Eu sempre dou voto meu voto de confiança nas crianças. Não adianta nada ensinar e depois tomar a frente, viver as experiências no lugar delas. Sempre digo aos meus filhos que eles precisam treinar, conhecer coisas novas e aprender por conta própria”, reforça Loreta, que também é mãe de Catarina, de quatro anos.
Saber soltar a mão dos pequenos é fundamental. A queda, por exemplo, é inevitável na infância e os pais não precisam evitá-la a todo custo. O caminho é oferecer um ambiente seguro para que os filhos não se machuquem, mas passem pela experiência.
“A criança precisa de estímulos que façam sentido para ela, de modo que ela aprenda a agir e reagir. Por isso, os pais devem deixá-la experimentar e conhecer esse mundo, com objetos e pessoas que convivem no seu meio social. Quanto mais espaço os pequenos tiverem, mais autonomia terão. Eles acabam aprendendo a lidar com a própria frustração, com as dores da vida”, pondera Ely Harasawa.

Mudanças

Nas últimas décadas, as estatísticas de acidentes com crianças diminuíram, por conta de uma série de fatores, de acordo com dados da ONG Criança Segura. Entre eles, o fato de que o atendimento de emergência hoje é mais eficaz, bem como as instalações hospitalares que atendem as crianças acidentadas.
Para Alessandra Françoia, coordenadora nacional da ONG, o tipo de acidente a que as crianças estão expostas mudou e os tempos são outros. Antigamente, elas podiam brincar mais nas ruas sem correr o risco de serem atropeladas, já que o volume de carros era muito menor. Hoje, esse risco é sensivelmente maior, por isso a supervisão dos cuidadores é importante.
“O ideal é que exista o acompanhamento e a observação das crianças, mas de modo a promover o empoderamento delas. Assim, elas aprendem sozinhas que existem riscos que elas precisam evitar. Um grande problema, hoje, é que muitas passam o dia em casa, assistindo à televisão, e acabam perdendo noções importantes de autoprevenção”, acredita Alessandra.
Os acidentes diminuíram, mas os índices de violência, hoje, são maiores. Por isso, não convém adotar um modelo de criação dos filhos como se ainda vivêssemos no começo do século. “Os pais não podem fechar os olhos para o contexto em que estamos inseridos, pelo menos no Brasil, de violência recorrente. O melhor a se fazer é deixar as crianças cientes dos riscos, explicar o que é bom e o que é ruim, de modo que elas saibam se defender, já que os pais não podem estar sempre por perto”, diz Josiane Viotto.
Se, por um lado, a sociedade atual requer uma observação responsável dos pais, ela também permite que as crianças se expressem melhor, questionem e dialoguem com os adultos sobre pontos de vista diferentes. O autoritarismo familiar de outrora perde espaço, o que contribui para o desenvolvimento da autonomia dos pequenos. Ser criança, hoje, também tem suas vantagens.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Palestra!

Na última semana, a psicóloga Roneida Gontijo ministrou uma palestra sobre namoro, para filhos adolescentes, entre 13 e 16 anos, dos funcionários da Empresa Vallourec. O tema da apresentação faz parte do Projeto Adolescer, idealizado pela especialista. Confira!




quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Sua vida pessoal dá oito sinais de que você está trabalhando demais

No dia a dia, precisamos prestar atenção ao tempo que dedicamos às diversas áreas da nossa vida, pois é necessário haver equilíbrio. Quando o indivíduo está trabalhando demais, o lado pessoal dá sinais que podem ser identificados em atitudes corriqueiras e que incomodam quem está à sua volta. E como todo excesso pode fazer mal, o de trabalho vai acabar prejudicando as suas relações. 
"Você é o responsável por monitorar e manter um conjunto de objetivos, profissionais e pessoais, para deixar tudo equilibrado. Quando alcançamos mais de uma meta, em diferentes áreas, conseguimos ver essa estabilidade concretizada", afirma Claudia Klein, consultora executiva e organizacional.

Veja, a seguir, oito sinais de que o trabalho está mais presente na sua vida do que deveria:
1. Falta de atenção com a família: o primeiro indício de que você está trabalhando demais é quando os familiares reclamam que estão sendo deixados de lado. Os filhos pedem mais atenção e o companheiro reforça que os compromissos pessoais estão em segundo plano. "Essa situação pode gerar brigas em casa, já que o indivíduo acaba descarregando nos familiares o mau humor e o estresse decorrentes da vida profissional atribulada. Outra consequência é ter de fazer alterações constantes nos planos com a família", explica Adriano de Lemos Alves Peixoto, presidente da SBPOT (Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho). 
Para Christian Barbosa, especialista em administração de tempo e produtividade, outro sinal de que parentes não estão satisfeitos com o tempo dedicado a eles é quando todos param de procurar sua companhia e compartilhar os assuntos com você. "A reclamação é a primeira coisa a se prestar atenção. Depois, o distanciamento toma conta dessa relação, o que é extremamente prejudicial se você valoriza a proximidade com os familiares", fala. 
2. Mais de um ano sem tirar férias: segundo Christian Barbosa, especialista em administração de tempo e produtividade, é um mal sinal quando o RH precisa entrar em contato para lembrar você de que as suas férias estão para vencer. "É comum acontecer de os próprios colegas do trabalho --e, obviamente, a família também-- chamar atenção para esse fato. Se isso acontece e você nem se deu conta, é porque está mesmo na hora de sair um pouco da rotina e descansar a cabeça", afirma.3. Pouco cuidado com a saúde preventiva: segundo Claudia Klein, consultora executiva e organizacional, esse problema deveria ser sinalizado pelo RH das empresas, que ao completar o tempo sem exames preventivos, pediriam ao funcionário para realizá-los. Porém, como é raro esse tipo de atitude, é preciso tomar conta da própria saúde. "Com a falta da ajuda da empresa, quem mostra esse indício do trabalho excessivo é quem está mais próximo ou, infelizmente, alguma doença. O normal é que todos passem por médico e dentista pelo menos uma vez ao ano", afirma.
4. Poucos momentos sociais: depois de sempre recusar convites por estar trabalhando ou cansado por conta das atividades profissionais, os amigos vão parar de convidar você justamente por não quererem mais ouvir "não". "É possível perceber isso quando começamos a ver nas redes sociais, por exemplo, fotos da festa de aniversário de um amigo querido para a qual você nem foi chamado. Quando trabalhamos demais, nos tornamos irrelevantes", diz Christian.    
5. Obsessão com e-mail corporativo: este problema também será sinalizado por quem está a sua volta na vida pessoal, afinal, lugar de trabalho é na empresa. Com isso, quando só os assuntos corporativos nos interessam, não conseguimos nos desligar nem quando estamos na praia ou em uma festa, por exemplo. Se a pessoa tem a necessidade de checar os e-mails sem parar, é um sinal claro de que o trabalho ocupa espaço demais na sua vida. "Quem trabalha excessivamente pensa que todos os compromissos que não estão na agenda corporativa são perda de tempo e, por sua vez, tudo que está relacionado às funções profissionais é classificado como 'urgente'", diz Claudia Klein.  
6. Não ter um hooby: de acordo com os profissionais, pessoas que trabalham mais do que devem não conseguem ter ânimo para se dedicar a nada que não tenha a ver com sua área de atuação profissional. "Se a pessoa olha para a sua agenda do mês e percebe que fez menos de três atividades para ela mesma, como praticar exercícios físicos ou ler um livro, significa que o trabalho tomou conta da sua vida e ela precisa de mais lazer", afirma Christian. 
7. Problemas com sono: se você tem problemas para pegar no sono ou no final de semana tem necessidade de dormir muito, pelo cansaço adquirido durante os dias úteis, pode ser sinal de excesso de trabalho. "Muitas pessoas não dormem bem pois estão sempre muito estressadas e cansadas devido ao excesso de trabalho. E quando chega nesse estágio, ficamos sem disposição, criatividade e não queremos fazer nada nos dias de folga", explica Christian.
8. Relacionamento amoroso fracassado:  assim como a família, os parceiros amorosos são uma das primeiras vítimas de um indivíduo que trabalha além do que deve. A atenção, momentos a dois e trocas de carinho passam a ser raros no relacionamento, o que pode culminar em uma separação. "O melhor jeito de identificar esse sinal é reparar em quantas vezes você ouviu do seu par reclamações do mesmo tipo e, claro, tenham a ver com o seu trabalho. Quando não há retorno daquele que está deixando a relação de lado, uma das primeiras reações é o outro se afastar, até que os dois se distanciem totalmente", diz Claudia Klein. 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Como se tornar uma pessoa menos ansiosa

Mal da vida moderna, a ansiedade pode sair do controle e virar um problema. Aprenda a não se deixar dominar por ela, com algumas mudanças simples e uma atitude mais positiva



As demandas da vida moderna, um mundo cada vez mais acelerado, relações frágeis e uma rotina massacrante são alguns dos fatores que contribuem para o surgimento de um problema potencialmente grave: a ansiedade. Essa sensação de pressão no peito, agitação e preocupação constante afeta as pessoas em graus diferenciados, mas ninguém é totalmente imune a ela.
Ao contrário do que se pensa, no entanto, a ansiedade nem sempre é prejudicial. Ter ansiedade é natural e nos ajuda a ficar vivos. Ela faz parte das reações do organismo a situações de estresse e perigo iminentes.
“Toda situação de perigo eminente leva o corpo a se preparar para lutar ou fugir. Assim, o objetivo número um da ansiedade é o de proteger o organismo. Ela envolve uma preparação biológica do corpo com função de protegê-lo, não prejudicá-lo.” – explica Maxleila Reis, professora de psicologia do Centro Newton Paiva.
Segundo a psicóloga Karyne M. Lira Correia, da Clínica Livon, a diferença entre a ansiedade normal e aquela que é prejudicial à saúde, é que esta última está diretamente ligada a pensamentos distorcidos, como os de antecipação do futuro.
“Diferente de uma preocupação pontual, a ansiedade envolve não apenas pensamentos como os de preocupação, mas reações orgânicas.” – explica.
Insônia frequente, distúrbios alimentares, dificuldade de concentração, problemas para trabalhar ou ter uma vida social são sinais de que este sentimento está tornando-se prejudicial, alerta ela.
Aos poucos o indivíduo afetado pode ter suas atividades diárias completamente alteradas por conta de pensamentos ansiosos. A ansiedade acompanha desconforto físico e está muito ligada com outra emoção: o medo. Sendo assim, são comuns casos em que a pessoa evite enfrentar situações que possam disparar o gatilho e trazer a tona este sentimento de insegurança.
“Quando em estado de ansiedade, a pessoa pode passar a ter pensamentos de antecipação de eventos negativos. Há, portanto, uma maximização de eventos futuros negativos, sem existir evidência real para isso. No fim das contas, é como se a pessoa previsse o futuro, mas sempre pela ótica negativa.” – completa Maxleila.
Quando os níveis de ansiedade são muito altos e a vida da pessoa passa a ser seriamente prejudicada temos os chamados transtornos de ansiedade, que podem ser divididos em vários tipos, de acordo com os eventos temidos e as reações causadas.
“Nestes casos é importante ter a ajuda de um profissional, que possa identificar o que gera a ansiedade” – afirma Karyne.
De acordo com os especialistas, é impossível eliminar totalmente a ansiedade da vida. No entanto, é possível aprender a lidar com ela mudando algumas posturas e tendo uma atitude mais confiante. Confira as dicas a seguir:
Respire: Só fazer isso pode ser de grande ajuda. Respire profundamente algumas vezes, tentando deixar de lado as preocupações, ocupando a mente com bons pensamentos. Oxigenar o corpo ajuda a trazer disposição e a clarear as ideias.
Reduza as expectativas: É normal que pessoas ansiosas sejam muito exigentes consigo. “Geralmente, indivíduos ansiosos tiveram uma história de muita exigência familiar, punições em relações a falhas, pouco acolhimento quanto a erros. Então, frequentemente, são pessoas que temem algo errado, fracasso.” – explica Maxleila Reis.
Fale sobre o problema: Conversar com um profissional ou mesmo um amigo ou parente próximo pode ajudar, e muito, a relativizar o problema. Ao falar sobre o que lhe aflige você coloca a tensão para fora. Além disso, ouvir uma opinião apaziguadora de quem confiamos ajuda a deixar os pensamentos ruins de lado.
Viva o presente: Não adianta pensar em tudo que pode dar errado no futuro. Infelizmente, ainda não há uma forma segura de prever o que pode acontecer. Então trate de focar no agora. Coloque na balança a situação real, valorizando o que você está vivendo no presente.
Medite: A meditação é uma prática que ajuda a relaxar e esvaziar a mente. Se você tem dificuldades para se concentrar e relaxar, tente dar uma caminhada ou mesmo sentar no banco de uma praça e observar as pessoas por alguns minutos, calmamente. Livre-se dos pensamentos ruins e perceba que as coisas estão em seu lugar, que o mundo continua girando.
Saia da rotina: Invista em atividades novas, inusitadas e que lhe tragam desafio. É importante treinar o cérebro para lidar com o inesperado, com tudo aquilo que possa fugir do controle. Porém, vá com calma: não faça tudo de uma vez para não se sobrecarregar. Que tal começar com aulas semanais de teatro ou dança?
Questione-se menos: É importante que você acredite mais em si, na sua intenção e na sua capacidade de vencer desafios. Evite focar em pensamentos que colocam em dúvida suas atitudes ou projetos. Nada de pensar “E se isso der errado?” ou “E se as pessoas não gostarem?”.
Tenha em mente que o futuro é incerto:Segundo Karyne, existem alguns pensamentos típicos da ansiedade. Adivinhação do futuro é um deles. A pessoa fica prevendo que vai acontecer isso ou aquilo (como, por exemplo: “não vou passar nesta prova” ou “o avião vai cair”).
Faça atividades prazerosas: Você é boa em ponto-cruz? Sabe cozinhar bem? Que tal usar estes talentos com mais frequência. Ocupar a mente com uma atividade em que você é boa e que lhe dá prazer ajuda a baixar a ansiedade e aumentar a confiança.
Aceite o imutável: Seja mais complacente consigo! Para de se martirizar por algo que deu errado. A vida não é só feita de acertos. Os erros servem como base para melhorar a visão de mundo e ajudam a corrigir a rota. Algo que dá errado hoje pode ser fundamental para formar um caráter mais forte no futuro. Além disso, o que passou, passou!
Pense que está tudo bem: Lembre-se que parte da ansiedade vem de uma visão distorcida da realidade, em que acreditamos que as coisas estão fora de controle. Olhe ao redor e analise os fatos. Há reais motivos para se preocupar? Ou tudo não passa de um exagero seu? Está com medo de que aconteça algo com seus pais? Entre em contato com eles e certifique-se de que estão bem.
Paneje menos e aja mais: Evite se perder em listas e ou criando planos para tudo na vida. Um dos maiores erros de pessoas ansiosas está em esperar resultados perfeitos, dentro daquilo que planejaram com antecedência. É importante saber que a vida é cheia de altos e baixos e que nem sempre as coisas sairão exatamente como você deseja. Então, deixe de lado as idealizações e parta para a ação. Só assim é possível viver a vida plenamente.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Compulsão por compras geralmente é acompanhada de ansiedade e depressão

Entenda melhor o problema e o que diferencia a compulsão da simples vontade de comprar


Falar sobre compulsão por compras é realmente muito empolgante. Mas para começar, a é importante deixar alguns conceitos claros: sabemos através de estudos da psicologia que nos autoafirmamos satisfazendo duas necessidades opostas: a necessidade de sermos aprovados, amados e aceitos e a necessidade oposta de conquistarmos, dominarmos e conhecermos. 
No processo de amadurecimento normal da personalidade deve haver a satisfação equilibrada destas duas necessidades. Mas nem sempre isto ocorre. Há pessoas que não foram aprovadas ou amadas o suficiente em determinadas fazes importantes da vida, e então se deslocam para o outro polo da autoafirmação suas necessidades: a conquista. E a compra não raro é uma forma desta compensação. Eu compro, eu posso, eu domino! 
Não podemos esquecer ainda que vivemos em uma sociedade que está na era da "economia de mercado", em que o ser humano vale pelo que produz ou por seu poder de compra. Uma sociedade totalmente voltada ao consumo, com o consumismo comunicado por todos os veículos de mídia e basicamente já incorporado como um "valor" social. 
Essa introdução se faz necessária para diferenciarmos o prazer em comprar e a compulsão nas compras. 

O que é a compulsão por compras?

Existe um prazer genuíno em comprar algo que satisfaça nossas necessidades ou mesmo que esteja relacionado a um desejo ou um sonho, desde que dentro de um juízo de realidade. Deve, portanto, produzir prazer e satisfação. Já na compulsão por compras, não existe a satisfação de uma necessidade e nem de um desejo. Na compulsão por compras existe um impulso doentio para consumir sem qualquer objetivo específico ou necessidade, não é acompanhada de prazer, ao contrário, seguida posteriormente de sentimento de culpa. É compra por impulso. 
A compulsão por compras é tratada juntamente com os demais distúrbios de impulso e é considerada um distúrbio quando produz um sofrimento ao paciente, tanto desconforto psíquico quanto ao acarretar prejuízos financeiros e pessoais e interferir nos relacionamentos afetivos e familiares. Tenho pacientes que gastaram mais de oitenta mil reais em basicamente "nada", comprando compulsivamente. 

Que outros sintomas aparecem com esse problema?

Uma compulsão pode vir acompanhada de pensamentos obsessivos ou não. Uma característica muito importante é que as compulsões podem mudar de "objeto". Explicando melhor: uma compulsão por compras pode se associar ou se transformar em compulsão por comida ou compulsão por jogo e assim por diante. 
A compulsão por compras vem sempre acompanhada de ansiedade, quase sempre acompanhada de depressão - são o que chamamos de comorbidades. Podem existir excessos nos períodos de euforia ou de mania nas pessoas com transtorno bipolar, mas não podemos caracterizar como compulsão. Encontramos a compulsão em portadores de Transtornos Obsessivo-Compulsivos. 

Qual o tratamento para quem tem esse problema?

Existem diversas abordagens terapêuticas eficazes, desde o uso de modernos fármacos específicos da classe dos novos antidepressivos, alguns ansiolíticos também podem ajudar. Acompanhamento psicoterapêutico com formas de terapia cognitiva-comportamental tem se mostrado bastante eficaz quando combinada com tratamento psiquiátrico. Muito importante salientar o apoio familiar para a superação do problema, ao invés de uma postura crítica e discriminativa. 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Como proteger a criança de abuso quando ela nem sabe o que é sexo

Para especialistas, crianças bem informadas são menos vulneráveis a essa violência 


A violência sexual contra crianças e adolescentes correspondeu a 25,7% das notificações recebidas pelo Disque 100, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, em 2013. As principais vítimas estão na faixa entre cinco e 12 anos. Para os especialistas, as melhores armas contra essa violência são informação e dar à criança a segurança de que ela pode confiar nos pais em qualquer situação, mesmo as mais constrangedoras. Mas como alertar o filho para o perigo quando ele, muitas vezes, ainda nem sabe o que é sexo?

"Uma criança bem informada é menos vulnerável", afirma a psicóloga Ana Claudia Bortolozzi Maia, coordenadora do Lasex (Laboratório de Ensino e Pesquisa em Educação Sexual), da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Segundo ela, é preciso dizer ao filho que o toque por parte de uma criança mais velha ou de um adulto torna-se inadequado quando a pessoa pede "segredo" sobre o ato. 

Para a criança entender, pode-se explicar que a babá pode tocá-la no banho ou que um médico, na presença de um responsável, pode tocá-la a fim de examiná-la. E esses profissionais não pedem segredo. Os pais podem contar também com a ajuda da literatura para o filho compreender a situação: "O Segredo Segredíssimo" (Geração Editorial) e "Pipo e Fifi", disponível no site www.pipoefifi.org.brprojeto.html, são bons exemplos de livros que ajudam a trabalhar o tema em casa. 

Segundo o Instituto Cores - Centro de Orientação em Educação e Saúde, organização socioeducativa sem fins lucrativos, cerca de 87% dos abusos ocorrem dentro da família ou envolvem pessoas da convivência da criança. Um estudo, divulgado em maio deste ano, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), revelou que a violência é praticada, na maioria das vezes, por algum parente (33%) ou um amigo próximo da família (25%). 

"O vínculo de dependência afetiva e o uso do poder entre abusador e abusado é o facilitador para que a violência aconteça. A vítima inclusive se sente culpada e fica constrangida de contar para alguém", afirma a psicóloga Patricia Oliveira de Souza. 

Conversa de acordo com a idade

De acordo com a faixa etária da criança e seu amadurecimento, os pais têm de dar a ela informações sobre como lidar com o próprio corpo.

Com os menores, que ainda não sabem o que é sexo, é necessário demonstrar e explicar noções de privacidade, como ir ao banheiro de porta fechada ou não trocar de roupa na frente de outras pessoas. 

É importante mencionar os nomes (técnico e o utilizado pela família) das partes íntimas, dizer que o corpo pertence à criança e que não deve ser tocado sem a sua permissão. Deixe claro que ela pode dizer não a adultos que tentem tocá-la, mesmo que seja uma pessoa querida. Com tato, os responsáveis devem explicar que um afago na cabeça é uma forma de carinho, mas nos genitais, não. E o contrário também vale, ou seja, os pais devem ensinar ao filho que ele não deve tocar nas partes íntimas dos outros, sejam do seu convívio ou não.

Para os maiores, por volta dos nove ou dez anos, é indicado contar que existe esse tipo de violência (sexual) e orientar para que reajam caso algum estranho tente forçá-los a acompanhá-lo. Ou que se soltem o mais rapidamente possível da pessoa e busquem ajuda de alguém de confiança. 

É bom lembrar que existem abusos sem contato físico como estimular a nudez, mostrar uma revista ou filme pornográfico ou se despir intencionalmente na frente da criança. É preciso que os responsáveis também alertem para essas formas. 

De olho nos sinais

A psicóloga Neusa Sauaia, fundadora do Núcleo Espiral - Pesquisa, Assistência e Prevenção da Violência contra Crianças e Adolescentes, afirma que uma criança que sofreu abuso sexual dá pistas sobre o ocorrido.

Segundo Neusa, na lista de possíveis sinais estão ansiedade elevada, problemas para dormir e se alimentar, aumento da agressividade, brincar com temas sexuais com bonecas e objetos e mostrar conhecimento sobre assuntos sexuais ainda não revelados pelos pais. Tornar-se apático, medroso, recusar a companhia de alguém ou ficar "grudado" em uma pessoa também podem ser indícios de que algo aconteceu. 

O abuso também pode deixar rastros físicos, como assadura, coceira nos genitais ou nas nádegas. "Nenhuma criança vai chegar e dizer 'estou sendo abusada', mas ela dá sinais. Daí a importância do diálogo. Perguntar como foi o dia, o que fez, com quem brincou. É preciso dar atenção à criança para que ela saiba que pode confiar em um adulto para contar algo que a incomodou, e isso não vale só para abuso", declara a psicóloga Ana Cláudia Bortolozzi Maia, da Unesp. 

FONTE: Mulher.uol.com.br

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

As respostas para as 10 maiores aflições das mães de adolescentes

Leia e guarde estas dicas. Elas são ideais para você que deseja compreender, educar e conviver melhor com os filhos adolescentes



1. Meu filho está bebendo muito

Dê o exemplo. Se os filhos vêem os pais bebendo regularmente entendem que o comportamento é normal. Explique a eles os riscos de beber em excesso.


2. Meu filho está fumando

Se você ou seu marido fumam, tentem não fazê-lo na frente dos seus filhos, ou, melhor ainda, tomem a decisão de parar de fumar e envolva-os no processo. Alerte os seus filhos sobre os malefícios do cigarro.


3. Meu filho está viciado em Internet
Estabeleça horários para o uso do computador, mas não proíba totalmente o seu uso - ele é uma parte muito importante da vida dos adolescentes.


4. Meus filhos brigam sem parar
A menos que alguém esteja machucado, não interfira. Se preciso ofereça apoio a cada um em particular. Fazer comparações e rotular os filhos provoca insegurança e ressentimento.


5. Meu filho me desafia

Estabeleça uma comunicação positiva com seus filhos. Mostre que respeita as diferenças de opinião entre vocês, mas que como mãe você é quem estabelece regras e limites.


6. Meu filho está muito distante

É normal que os adolescentes se afastem um pouco da família nesta fase da vida. É uma forma de desenvolver independência. Mostre interesse por assuntos que ele gosta, isso aproximará vocês.


7. Meu filho é agressivo

Geralmente explosões de raiva são uma válvula de escape para disfarçar sentimentos como tristeza, medo ou culpa. Procure descobrir as verdadeiras razões da agressividade e diga quanto.


8. Meu filho anda com más companhias

A menos que os amigos de seu filho apresentem algum comportamento que o coloque em risco, não proíba que eles freqüentem a casa. Explique o tipo de atitude que a incomoda e dê exemplos de outros amigos que tenham atitudes positivas.


9. Meu filho não quer estudar

Muitos pais oferecem prêmios para os filhos estudarem ou então os ameaçam quando chegam com notas baixas. Essa prática não é eficaz a longo prazo. O adolescente precisa entender a importância que o estudo tem e terá na sua vida.


10. Meu filho quer fazer uma tatuagem, piercing ou pintar o cabelo

Você pode argumentar que é melhor esperar até que ele seja mais velho. Se for inevitável, converse com ele para que escolha um lugar discreto. Lembre-se: piercing e tintura podem ser removidos.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Consumismo infantil



Basta ver a propaganda de uma boneca que fala ou de um carrinho que se transforma em robô para “chover” o tão conhecido pedido: “mãe, compra pra mim?”. As solicitações dos filhos chegam a todo momento e cabe aos pais não só avaliar a real necessidade das coisas, como também mostrar às crianças como é importante consumir com consciência. 

“Suprir necessidades é mais importante que suprir vontades”, define Ceneide Cerveny, psicoterapeuta familiar. Ela explica que ficar algumas horas brincando com os filhos é muito melhor para eles do que dar o brinquedo que tanto querem e que daqui a alguns dias (ou horas) já estará esquecido no armário. 

De nada adianta, porém, pregar educação financeira aos filhos se os próprios pais adotam um modelo consumista no dia a dia. Vale lembrar que os pequenos geralmente “copiam” as atitudes dos pais. Portanto, adultos compulsivos por compras tendem a ensinar este comportamento às crianças. 

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Televisão, tablets e celulares aumentam o risco de obesidade e diabetes em crianças



Reduzir o tempo de uso ajuda a prevenir o risco de doenças graves no futuro


Nos dia de hoje as crianças tem tido acesso à televisão, smartphones, tablets e computadores desde muito pequenas. Toda essa exposição aos dispositivos de mídia leva a um somatório de horas, resumidamente chamado de horas-tela.
Os dados indicam que aos 18 anos, uma criança europeia já passou cerca de três anos da sua vida na frente das telas de dispositivos de mídia. Extrapolando, com 80 anos, esta mesma pessoa já teria ficado cerca de 17,6 anos na frente das telas. Existem outros dados ainda mais alarmantes devido à chegada de mais e mais aparelhos de mídia nas nossas vidas nos últimos anos: na Inglaterra as crianças ficam em média 6,1 horas por dia na frente de telas, no Canadá 7,8 horas/dia e nos EUA 7,5 horas/dia.
A grande questão sobre todos esses dados é que existe uma associação crescente entre a quantidade de horas-tela e o desenvolvimento de diabetes tipo 2,obesidade e doenças do coração.
O estudo de um pesquisador chamado Wijndaele indicou que a cada 1 hora-tela por dia existe um aumento de 6% no risco de doenças do coração fatais e não fatais, sendo um fator independente da idade, gênero, medicação ou não, história familiar ou atividade física.
Mas isso é porque as horas-tela nos deixam sedentário? Não somente por isso. Os estudos tem mostrado que esse excesso de exposição causa nos adolescentes um aumento da pressão arterial e do colesterol ruim. Também se sabe que a exposição a muitas horas-tela leva a problemas hormonais como a alteração da liberação do hormônio cortisol, como se fosse uma resposta semelhante ao estresse. E, só para citar mais uma alteração hormonal, as horas-tela estão associadas a mecanismos obesogênicos ? que originam obesidade. Seja por aumento da ingestão de alimentos não saudáveis enquanto na frente das telas, seja por exposição a informações de alimentos pouco saudáveis nas propagandas.
Existem alguns cuidados que precisamos tomar para reduzir as horas-tela. Vamos a eles:
1. Nós sabemos que muitos vídeos na internet têm sido destinados ao público infantil, até para bebês. Esses produtos "facilitam" muito a vida dos pais nessa correria do dia a dia, a fim de entreter os pequenos. Mas o que se sabe é que 8% do cérebro vai se desenvolver nos primeiros três anos de vida, sendo que este é o período mais vulnerável a ser afetado pelas horas-tela. A recomendação é que até a criança completar três anos a exposição às telas seja mínima ou nenhuma.
2. Tirar as televisões dos quartos das crianças ajuda a reduzir e muito as horas-tela.
3. Programas de televisão com narrativas mais lentas e descritivas devem ser preferidos aos mais agressivos.
4. E por fim, a família deve limitar a exposição da criança. Vejam as horas propostas para cada faixa de idade:
  • De 3 a 7 anos: meia a 1 hora/dia
  • De 7 a 12 anos: 1 hora/dia
  • De 12 a 15 anos: 1 hora e meia/dia
  • Mais de 16 anos: 2 horas/dia.
Nós sabemos que é uma tarefa difícil, mas se conseguirmos reduzir aos poucos o número de horas-tela, transformando esse tempo em horas-brincadeira, horas-jantar-com-a-família, horas-atividades-físicas e horas-relacionamento-familiar, certamente estaremos acertando no grande objetivo de uma vida mais saudável e feliz.