terça-feira, 31 de julho de 2018

Como lidar com birras e acessos de raiva das crianças


Por causa de uma frustração ou situação negativa, seu filho tem acesso de raiva e faz aquelas clássicas cenas de gritar, se jogar no chão, quebrar brinquedos. É fácil os pais ficarem perdidos, ainda mais se esses acessos de raiva das crianças acontecem publicamente, atraindo o olhar e o julgamento dos outros.

Confira algumas orientações para lidar com a situação:

1. NÃO PERCA A CABEÇA

Nessas situações de birra, ainda quando ocorrem publicamente, é fácil que os pais percam o controle e acabem estourando para cima das crianças.

A explosão de raiva dos responsáveis não resolvem a situação, acabam assustando ainda mais as crianças e pode potencializar a birra.

Segundo a psicopedagoga Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), os adultos devem manter firmeza no tom de voz e falar com a criança na altura delas, explicando que atitudes como esta não irão mudar nada.

2. NÃO CEDA ÀS VONTADES DA CRIANÇA

Outra atitude comum que pais têm publicamente é, por falta de paciência, ceder as vontades da criança para acabar com o choro naquele instante. Isso é um grande erro porque a criança fica cada vez mais autoritária, pois percebe que o ato de raiva e birra surtiu o efeito que ela queria. Assim, ela sempre usará do recurso para alcançar seus objetivos.

Por isso, mostre a criança que existem as coisas possíveis, mas existem também as coisas que são inviáveis. Desde pequeno, é importante fazer com que o pequeno lide com frustrações. Ele não pode achar que insistindo dessa forma pode conquistar as coisas.

3. ESPERE A CRIANÇA ACALMAR PARA UMA CONVERSA

Conversar no momento de raiva costuma não funcionar com um adulto, porque você acha que uma criança vai rolar? Por isso mesmo, antes de explicar toda a situação e o motivo da negativa, espere que ela acalme.

Então, comece mostrando que você compreende a frustração dela, tente ajudá-la a colocar os sentimentos em palavras. Essa é a forma mais fácil dela entender a situação e procurar uma forma melhor de expor isso a você.

Ex: “Você ficou muito bravo porque não conseguiu ir na piscina de bolinhas”
“Peço desculpas por não ter entendido. Agora que está mais calmo, consigo saber o que quer e o motivo da sua frustração”.

4. ENFATIZE SEU AMOR E CARINHO PELA CRIANÇA

Depois da calmaria e da conversa esclarecedora, não esqueça de manifestar carinho por meio de gestos como abraço, um beijo ou afago. Expresse em palavras seu amor pelo pequeno. Ele se sentirá mais confortável.

5. PREMIE OS BONS COMPORTAMENTOS

Se a criança conseguiu se acalmar e falar contigo, é importante compensá-la pelo bom comportamento. Isso vai fazer com que ela repita o ato até virar algo orgânico.

Você pode dar um voto de confiança, levando o pequeno a mesma situação e enfatizando que confia nela para um desfecho diferente. Como ao levá-la para brincar no parque que, em uma situação anterior, ela teve uma atitude de birra por não dividir o brinquedo.

Neste caso, reforce a importância de dividir as coisas com os amiguinhos. Se ele mudar o comportamento, deixe ele ficar mais tempo por lá, leve mais brinquedos.

6. SEJA JUSTO, MAS FLEXÍVEL

Os pais precisam ser firmes em situação de birra. Mas isso não significa abusar do autoritarismo.

Veja se não está usando muito o “não pode” e quase nada do “pode”. Um exemplo, você não precisa impedir as crianças de espalhar seus brinquedos na sala, mas pode deixar claro qeu terá que arrumar as coisas depois.

Você não precisa arrancar o pequeno do parquinho porque o tempo que você estipulou, acabou. Se você der uns 10 minutos a mais nos brinquedos, você pode evitar birra do pequeno e ele vai te respeitar ainda mais pelo benefício.

7. EVITE SITUAÇÕES DE BIRRA

Você nem sempre sabe quando um ataque de raiva vai surgir, mas pode prever algumas situações.

Se você sabe que a criança fica mau-humorada quando está com fome, levar consigo pequenos lanches, fazer pausas para comer estrategicamente, vai aliviar situações.

Outra coisa é informar o pequeno que vocês estão indo almoçar, lanchar, para ele se preparar com isso.

Outra coisas é saber quando a criança está com sono e evitar passeios ou agitações nesses horários. Por mais que tenham planejamento, o humor da criança será afetado se ela não descansar direito ou tiver sua rotina comprometida.

Por último, ao invés de simplesmente dar ordens, dê a chance do pequeno fazer uma escolha. Perguntar se a criança quer comer tomate ou cenoura é melhor do que só obrigar seu filho a comer pepino.

DICA EXTRA: FIQUE ATENTO

Apesar de ataques de birra serem coisas comuns para pequenos entre 1 e 3 anos, é importante ficar atento para outros problemas que estejam mudando o comportamento do pequeno.

Às vezes, o pequeno está usando o chilique para atrair a atenção de um pai e mãe ausentes. Às vezes a chegada de um irmãozinho, ou mesmo alguma situação negativa que tenha acontecido com ele (em família, na creche ou escolinha) e ele não tenha encontrado ninguém para desabafar.

Se os atos de birra se transformarem em situações diárias, algumas vezes por dia, é melhor conversar com o pediatra ou procurar outro tipo de ajuda especializada.


Fonte: Pai Moderno

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Dez dicas para lidar com mudanças de comportamento dos adolescentes


1. Ver os filhos crescerem pode não ser algo fácil para os pais, que estavam acostumados a serem a grande referência e os protetores deles. Perceber que podem não precisar mais tanto de acompanhamento pode ser algo doloroso. Os pais participativos, que desejam que os filhos passem de maneira saudável por essa fase, precisam lembrar que a solidificação da autonomia, que deve ser construída desde cedo, é fundamental nessa faixa etária. Os filhos precisam começar a ver e entender, na prática, as consequências de suas escolhas e o impacto delas nos outros e no ambiente. Antes de resolver algo por eles, procure devolver a responsabilidade com questionamentos como: “E o que você pretende fazer? Como pode lidar da melhor forma com isso?”.

2. Ao sentirem um bom vínculo com seus pais, uma relação na qual se sentem seguros e acolhidos, os filhos desenvolvem atitudes mais positivas e proativas. Isso porque eles se sentem estimulados para seguir em frente e se desenvolver rumo à autonomia. Filhos de pais participativos sabem que se acertarem, seus pais comemorarão com eles e se errarem terão com quem contar.

3. A forte tendência à experimentação é uma das características da adolescência que mais causa espanto e preocupação para os pais. As novas conexões cerebrais levam ao desejo de experimentar novas situações e, com relação à sexualidade, as células espelho, agora em maior quantidade, levam à vontade de conhecer melhor outras pessoas, especialmente aquelas que são diferentes. Isso conduz os jovens à aproximação entre os sexos e ao apetite por experiências de intenso prazer. Explique, dê informações e não tenha medo de ser tachado de chato ou careta. Faz parte. Mas sem machismo, ok?

4. A impulsividade é outra característica comum aos adolescentes e, assim como a necessidade de experimentação, precisa de cuidados. Na adolescência, não temos o córtex órbito-frontal plenamente desenvolvido, assim como a capacidade de análise, julgamento e decisão totalmente consistente. Por isso, os pais podem e devem acompanhar de perto enquanto o próprio jovem começa a conhecer seus próprios limites, lembrando sempre que algumas decisões finais devem ser dos adultos, que são os responsáveis legais, especialmente às que dizem respeito à saúde, segurança e educação. Quando o jovem demonstra comportamentos que prejudicam sua vida (ou a de outros), bem como seus ambientes, isso precisa ser sinalizado para que não se repita. Se estiver sentindo que perdeu autoridade, procure um psicólogo para se fortalecer.

5. Além das novas conexões cerebrais e mudanças hormonais, também o corpo passa por transformações sem precedentes. A puberdade, que costuma começar para os meninos aos 13 anos e para as meninas a partir da menarca (primeira menstruação), que pode acontecer a partir dos 10 anos geralmente, traz consigo muitas novidades: pelos, odores, partes do corpo em crescimento, etc. É muita informação nova para o adolescente, que tenta entender tanto quem é como pessoa quanto compreender e aceitar esse novo corpo e imagem que estão sendo formados. O papel dos pais aqui é não negligenciar estas mudanças e também buscar se informar para ajudar os filhos com fatos e não com opiniões. Evite apelidos preconceituosos ou “brincadeiras” que exponham ou possam ofender.

6. A partir do modo como se percebe determinada fase de vida, é que tende-se a reagir a ela. Assim como quem pensa que “envelhecer é ruim”, e por isso já vai abandonando sua vida, seus interesses e cuidados pessoais com o tempo... a adolescência, como todas as demais etapas de vida, é um momento único, cheio de desafios e oportunidades. Esta vai ser uma fase menos agradável se negarmos as características naturais desta etapa da vida, considerando-as “chatas”, “aborrescentes” ou “indesejáveis”. Quando se tem uma família por perto que oferece apoio e afeto consegue-se passar por esta etapa com um crescimento maior e melhor em muitos sentidos.

7. Outro comportamento que costuma ser alvo de queixas por parte dos pais é a tendência à desvitalização, desinteresse ou desmotivação diante de uma ou mais área da vida sem causa aparente. No entanto, o famoso “tédio” dos adolescentes tem uma explicação científica: nessa etapa da vida, ocorre a perda de receptores de dopamina, que é um neurotransmissor relacionado ao prazer e à satisfação. Uma sensação quase oposta à motivação pela experimentação, que pode deixar os jovens confusos em relação aos próprios sentimentos. Quando é normal deixar que os filhos fiquem no quarto, “no seu canto” e quando é hora de se preocupar? Diante do abandono e da falta de cuidados com a saúde, a educação e a sociabilidade, são momentos que pedirão atenção e mudanças de atitude.

8. Entre os ganhos dessa fase tão rica estão a facilidade na capacidade de adquirir conhecimentos, a valorização do convívio interpessoal, a revisão das verdades pessoais, o aumento da memória corporal e da coordenação motora. Os bons hábitos, assim como os hábitos nocivos, podem se instalar pela repetição. Insista em estar perto e orientar para que eles se esforcem em terminar o que começaram.

9. É importante, como sinalizado, que os pais estejam por perto, mesmo quando os jovens já parecem se achar “donos dos seus narizes”. Entretanto, quando falamos de escolha profissional, os pais e familiares precisam entender seus papéis de copilotos. Afinal, a decisão do futuro profissional é uma das primeiras escolhas da vida adulta e o adolescente precisa começar a pegar a própria vida nas mãos e ir atrás de seus objetivos e da carreira que pensa que mais tem a ver com sua verdade e seus valores. Os pais podem ajudar buscando orientações profissionais e informações para momentos de troca e crescimento conjunto.

10. Os pais não são 100% responsáveis por tudo o que acontece na adolescência de seus filhos, mas são 100% responsáveis pela parcela que lhes cabe. Por isso é tão importante que não sejam negligentes, omissos ou autoritários, pois isso pode fazer com que os filhos corram mais riscos desnecessários, se tornem inconsequentes e irresponsáveis ou mesmo dependentes, não acreditando na própria capacidade de enfrentar desafios.


Fonte: G1

terça-feira, 10 de julho de 2018

Os temperamentos dos filhos


Na última semana tive o prazer de participar mais uma vez do programa Manhã Viva, pela TV Canção Nova e falamos sobre esse tema. Você sabia que é possível moldar o temperamento do filho? Confira a entrevista completa!



terça-feira, 3 de julho de 2018

A bagunça pode ser boa para o desenvolvimento do seu filho


Quem nunca entrou no quarto do filho e deu aquele pisão em uma peça do bloco de montar que estava ali espalhado pelo chão junto com milhares de bonecos, lápis e canetas pelos cantos, sem contar nas roupas jogadas e tudo junto e misturado no guarda-roupa? Bem aquela cena digna de pesadelo para a maioria dos pais. Se isso já aconteceu com você, provavelmente respirou fundo e tratou de arregaçar as mangas e já começar a colocar “tudo em seu devido lugar”. Mas será que é preciso mesmo uma intervenção tão brusca? É verdade que a organização trouxe imensos avanços para a sociedade. Desde as coisas mais simples, como a divisão de alimentos nas prateleiras de supermercados, até as mais complexas, como os números de registro, facilitam nossas vidas e otimizam nosso tempo. Porém, na busca por catalogar e manter as coisas sob controle, talvez tenhamos ido longe demais. Ambientes ultralimpos e perfeitamente ordenados acabam se tornando estéreis, e não permitem que as oportunidades de desenvolvimento trazidas por um pouco de caos apareçam. Difícil de acreditar? Pois a ciência comprova.

BAGUNCEIROS OU CRIATIVOS?

Uma pesquisa da Universidade de Iowa (EUA) com 72 bebês de 16 meses descobriu que os mais bagunceiros têm mais facilidade para aprender e reter novas palavras. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores apresentavam a eles objetos não sólidos, como geleia de morango, e lhes davam um nome inventado com palavras mais simples e desconhecidas pelos pequenos (“kiv”, “dax”, etc...). Minutos depois, mostraram o objeto em um formato diferente, por exemplo, dentro de um pote, e pediam aos bebês para dizer o nome do mesmo. Cerca de 70% dos bagunceiros (que amassaram a geleia, colocaram na boca ou jogaram no chão) conseguiam acertar a resposta, enquanto entre os que usavam “táticas mais contidas”, como tocar na pasta apenas com a ponta dos dedos, a taxa de acerto foi de 50%.

Ou seja, quando der vontade de dar uma bronca no seu filho porque ele revirou tudo, olhe a situação por outro prisma: na verdade, ele está à vontade para coletar informações sobre o ambiente que o cerca e isso é fundamental para o aprendizado. “A bagunça está relacionada à criatividade e à exploração”, diz a psicopedagoga Teresa Andion, conselheira da Associação Brasileira de Psicopedagogia. É o que acontece na casa da fotógrafa Débora Franco, 27 anos, mãe de Giovana, 1. Como a filha tem paixão por mexer nas gavetas de roupas e armários da cozinha, ela já não liga mais. “Vejo como a Giovana fica feliz nessas atividades e não consigo resistir”, confessa. A única preocupação da mãe é em relação à segurança. Por isso, alguns itens, como eletrodomésticos, são proibidos. “O resto está liberado!”, diz.

Mas nem sempre é fácil virar a chave e refletir. Em um estudo com 2 mil pais e crianças de 11 países, financiado por uma marca britânica de produtos de limpeza, mais da metade dos adultos entrevistados (57%) admitiram que prefeririam ver os filhos brincando com um iPad do que com uma caixa de tintas “para não haver sujeira” e “por ser mais prático”. A psicóloga Patrícia Bader, do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim (SP), ressalta que esse tipo de atitude tem efeitos negativos para o desenvolvimento. “Para a criança, a casa é um grande laboratório de experimentação. Se o ambiente se mostra restrito e limitado, esse universo de descobertas sofre”, diz.

Preocupada em promover experiências que consigam competir com o apelo da tecnologia, a representante comercial Daiane Trindade, 34, mãe de Ana Paula, 7, e Maria Luiza, 2, permite e incentiva brincadeiras que podem acabar na maior sujeira, como massinha e canetinhas. “Tenho duas bagunceiras e amo isso. Elas são a vida da nossa casa. Fizemos um quarto especial de brincadeiras. Às vezes, a bagunça se estende um pouco para fora, mas elas já entenderam que, quando isso acontece, tem que organizar depois”, conta.

E quem não tem em casa um espaço exclusivo às atividades mais desordeiras? A dica é determinar horários para esse tipo de brincadeira em um dos cômodos. Por exemplo, a sala de estar fica liberada para a bagunça da hora que a criança acorda até o momento de ir para a escola. Mas, antes de sair, o ideal é que ela colabore para deixar o ambiente em ordem. E, de noite, o cômodo pode ser usado para atividades mais calmas, como ler e ouvir música.

ORDEM NA CONFUSÃO

Mas é claro que tudo tem limite. Para saber a diferença entre uma situação de bagunça organizada e de caos total, o primeiro sinal – antes de começar a brigar e a arrumar o quarto pela criança – é observar se ela está conseguindo encontrar os próprios brinquedos ou se está perdendo com frequência suas coisas. Pois, nesse caso, vale a pena intervir (confira dicas ao lado) de modo que ela aprenda a interagir com espaços e objetos de uma maneira saudável, digamos assim.

O quarto é o campeão das reclamações – e pode se tornar um verdadeiro campo de batalhas familiar – quando se trata de organização. Muitas vezes, porém, as aparências enganam. Nas situações de bagunça organizada, a cena pode parecer caótica, mesmo assim a criança sabe exatamente onde está cada coisa e demonstra cuidado em conservá-las. Repreendê-la, nesse caso, não surte o efeito desejado e ainda pode gerar ressentimentos. Para a psicóloga Natália Campos Bernardo, do Hospital Sepaco (SP), “o melhor a fazer é conversar e encontrar um meio-termo, estabelecendo regras coletivas e, principalmente, respeitando as individualidades de cada um”.

De modo geral, nos cômodos de uso de toda a família, as regras podem ser mais rígidas – com horários para a bagunça, como já falamos. Já no quarto da criança, tudo bem ela guardar as roupas nas gavetas que achar melhor. “Os pais não precisam ser tão rígidos a ponto de impor seu método de organização no espaço dos filhos. É como quando você pede à criança para desenhar. Se diz exatamente como a figura deve ser, além de podar a imaginação, aquilo se torna uma tarefa que ela não tem mais vontade de fazer”, diz a psicóloga Gláucia Benute, coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo (SP).

Agora, é fundamental diferenciar um comportamento mais bagunceiro de indisciplina. Uma coisa é a criança explorar o ambiente, outra é ter atitudes que são destrutivas para si – como ser negligente com seus brinquedos ou materiais escolares – e para os que estão à sua volta, jogando o tempo todo o controle remoto da TV no chão, por exemplo. Por isso, a principal regra para um convívio harmonioso é entender que cada um tem uma maneira de lidar com a vida e com a organização. Isso significa que uns são mais bagunceiros do que outros, mas é preciso ter o mínimo de ordem para não haver problemas em ambientes comunitários – como o condomínio, a escola –, tanto hoje quanto na vida adulta. E o ponto de partida para isso é aí dentro da sua casa.


Fonte: Crescer