quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Casamento não deve ser solução para gravidez inesperada


Apesar de já estar ultrapassada, a ideia de que o casamento é a solução para uma gravidez inesperada continua sendo colocada em prática, o que é um erro. Muita gente ainda leva em consideração a tradição, a honra, os deveres morais ou religiosos ao avaliar a decisão de assumir um compromisso por causa de uma gestação. Mas a sociedade está mais preparada para aceitar formações familiares diversas, o que inclui pais que não sejam casados ou nem sequer tenham tido um relacionamento algum dia (e o filho é resultado de uma transa casual).

"É importante que a resolução não seja tomada com base em argumentos passionais ou preconceituosos", afirma o terapeuta familiar e de casal Luciano Passianotto, de São Paulo (SP), que diz, ainda, que optar por se casar pensando que "se não der certo, podemos nos separar" é também um grande erro."Um casamento consome meses de planejamento, requer mudanças no estilo de vida e exige recursos emocionais e financeiros. Todos esses recursos devem estar voltados ao bebê que está para chegar, não ao casal", afirma.

É óbvio que cada caso tem suas particularidades, e todos os ângulos da situação devem ser observados. Existem casais que estão juntos por anos e continuam e se amar; há os que mal se conhecem e outros, ainda, que arrastam uma relação já sem brilho há tempos. "Na minha opinião, o casamento não deve ocorrer quando sua motivação é qualquer outra que não o amor e desejo de ficar juntos. Tomar essa decisão por um sentimento de culpa ou para não se opor à família é muito danoso", diz Luciano.

A psicóloga Gisela Castanho, de São Paulo (SP), afirma que, no caso de casais muito jovens, outras questões precisam ser consideradas, de ordem emocional, financeira e prática. "No entusiasmo com a situação, rapazes e moças parecem se dispor a brincar de casinha e podem cultivar os planos de casamento como uma espécie de fantasia", diz ela. 

Na prática, é preciso saber que vão ter de abrir mão de várias coisas e deixar, aos poucos, a função de filhos para assumirem os papéis de pais de um bebê. "Nem sempre se casar é o ideal nesse início de vida, ainda mais se terão de viver sob o mesmo teto que os pais", comenta a especialista, que é organizadora do livro "Terapia de Família com Adolescentes" (Ed. Roca).

É importante que os futuros pais também analisem criteriosamente as circunstâncias e decidam o que é melhor para o bebê, principalmente, em vez de querer prestar contas à sociedade ou forjar uma formação familiar em nome de uma tradição.

De acordo com o pesquisador Renato Alves, doutor em psicologia do desenvolvimento humano pela USP (Universidade de São Paulo), o fato de um homem e uma mulher optarem por não assumirem um compromisso efetivo diante de uma gestação não implica em nenhum tipo de impacto na formação social ou psicológica da criança.

"A felicidade do filho tem mais a ver com a importância e o papel que lhe dão do que com a configuração familiar a qual ele vai pertencer", declara. "De que adianta, por exemplo, um casal ficar junto e culpar o tempo todo o bebê pelo adiamento de planos ou não concretização de sonhos? Será uma criança morando com um casal, sim, mas se sentirá amada, querida, desejada?", pergunta Renato. "O que a criança precisa é de pai e mãe presentes afetivamente", complementa Gisela.

Casamentos infelizes são um fardo para toda a família, incluindo para o novo filho. Apesar do vínculo claro que os novos pais terão pelo resto de suas vidas, eles não precisam estar casados para assumir plenamente suas responsabilidades como pais e executarem essa função suficientemente bem.

Os fatores que levam qualquer casamento (diante de uma gravidez não planejada ou não) dar certo são praticamente os mesmos: amor, respeito e objetivos comuns que façam com que o casal queira buscar suas metas lado a lado. "Quando ambos estão dispostos a encarar e assumir essa responsabilidade, há um fortalecimento do par, que ajuda na superação das dificuldades que terão pela frente, mesmo as que parecem assustadoras em um primeiro momento", diz Luciano. 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Criança que apanha dos pais desenvolve medos e tem maior tendência a mentir

Apesar de parecer uma forma de correção eficiente, o tapa ensina a criança a ter medo do mais forte


No dia 27 de junho deste ano a presidenta Dilma Rousseff sancionou o projeto da Lei da Palmada, contra qualquer tipo de castigo que envolva sofrimento físico à criança. Quando paramos para pensar em como queremos educar nossos filhos, muitos de nós respondem que gostariam de fazer bem diferente do que recebemos quando criança, principalmente no que se refere ao bater. Muitos pais e mães de hoje levaram seus tapas, cintadas e chineladas quando criança e hoje percebem que esse não é um bom caminho. Como pais buscam o diálogo, a aplicação das consequências, escolhas e limites colocados de uma maneira produtiva e respeitosa. 


Mas em algumas situações parece que ficamos sem saber o que fazer e quando saímos do sério, o tapa volta a aparecer. Pais e mães tristes, crianças tristes ou mesmo bravas, é iniciado um ciclo que pode crescer e tomar conta do dia a dia de uma maneira bastante complicada. 


Quando batemos em nossos filhos eles aprendem algumas coisas: 

  • Aprendem a ter medo do mais forte, e isso pode seguir por bastante tempo na vida
  • Aprendem que é batendo que se resolvem os momentos difíceis, afinal é assim que vê seus pais resolvendo os mesmos momentos
  • Aprendem que o tapa vale mais do que o diálogo, a conversa.

Quando pais batem em seus filhos, normalmente buscam controlar alguma situação, mas os adultos nessa mesma situação, encontram-se completamente descontrolados. É muito confuso para a criança pensar que esse nosso descontrole que surgiu através do tapa , serve para educar ou controlar algum momento. 


Toda essa confusão faz com que a criança não aprenda, afinal ela interrompe o que estava fazendo por conta do susto que leva, do medo que sente. Acontece que dificilmente aprenderá, isso porque não vive o processo natural de que toda ação tem sua consequência. Quando esse processo é interrompido, é como se a reflexão também fosse interrompida. 


Essa é a grande armadilha, porque muitos pais pensam que o tapa funciona porque a criança realmente interrompe o que estava fazendo. Mas isso acontece com o susto e não por ganho de consciência. O que vem depois? A atitude se repete e os tapas se tornam mais frequentes. Fora que com o tapa e com essa falta de respeito iniciamos um embate que pode se tornar bastante complexo. Afinal, um ganha e o outro perde e a criança, ao perceber isso, faz também de tudo para vencer esse embate. 


Esse caminho gera medo, distância e muitas vezes até a mentira aparece como sendo a única maneira de evitar esse momento, o tapa. As crianças hoje entram nesse embate porque de alguma maneira, não toleram falta de respeito, mas normalmente sua forma de agir para vencer os embates é através da falta de respeito também. Com esse ciclo fechado, pais e filhos se afastam e a comunicação, o encontro e o respeito se tornam grande objetivos difíceis de alcançar. Com firmeza amorosa, respeito e aplicando a constância, a coerência na forma de corrigir e a consequência de suas atitudes, o que encontramos são famílias unidas, parceiras e crianças crescendo com amor, respeito, e a real educação. Todos na ação de educar. Educação positiva que gera crescimento para todos. Fazer com que o outro faça algo que você quer não é difícil. O precioso é perceber por que motivo essa pessoa mudou sua atitude. Por medo, por estar sem saída, ou por amor, por ganho de consciência? A paisagem que vemos nessa caminhada depende dos lugares que caminhamos. E nós, os adultos, temos essa escolha.



sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Atitudes para deixar de ser um procrastinador

Hábito de deixar as tarefas e projetos para a última hora é desgastante e gera muito estresse no dia a dia


Para os procrastinadores – aquelas pessoas que deixam tudo para depois e adiam todas as tarefas até último minuto – dezembro não costuma trazer uma sensação muito agradável.  Justamente porque eles se confrontam neste fim de ano com todos os projetos que prometeram cumprir em janeiro, mas acabaram não concretizando. O primeiro passo para não repetir esse comportamento em 2015 é entender o que é a procrastinação. 
A coach Pilar Aznar explica que nem sempre o procrastinador tem consciência de sua condição. “No inconsciente falamos outra frase: ‘não gosto de encarar desafios’, ‘não gosto de fazer errado’, ‘não gosto de lidar com fulano’ e é isso o que nos impede de fazer aquilo que queremos fazer”, diz a especialista, apontando as justificativas internas de quem tem este tipo de atitude. 
“De procrastinador e louco todo mundo tem um pouco; o problema é quando isso passa a ser o modus operandi da pessoa”, pontua Eliane Figueiredo, 53, diretora da Projeto RH, parafraseando o famoso ditado.
Eliana conta que a consequência desta conduta é uma vida estressante. “Alguns psicólogos dizem que o procrastinador é aquele que quer fazer tudo certinho, mas que deixa as coisas para depois para se cercar da melhor forma possível. O que acontece é justamente o contrário. Depois, a pessoa sofre pressão do tempo e daí dá uma grande ansiedade, ela fica mal.”
O técnico de manutenção da Petrobras André Migues Zamana, 34, sabe bem o que é sentir esta angústia. Dono anteriormente de uma empresa, ele credita, em boa parte, o fechamento do seu negócio ao seu hábito de procrastinar. “Eu não gosto de falar ao telefone. Então, eu empurrava ao máximo com a barriga. Procrastinava a ideia de ligar para um cliente, [pensando] eu ligo daqui a pouco ou eu ligo amanhã. Até o ponto de perder cliente, perder negócios”, relata Zamana.
Esta conduta o fazia correr contra o relógio para cumprir as metas. “A gente acaba criando um vício pela adrenalina de resolver as coisas na última hora. Sem perceber, eu deixava as coisas para o último segundo. Daí, eu me virava em mil para conseguir resolver. Na hora dá uma sensação muito boa, mas isso se tornou um vício e acabou virando um problema.”
Com o tempo, Zamana percebeu que este comportamento não estava lhe fazendo bem. “Passei por momentos bem críticos e vi que na maioria das vezes o que não dava certo era ficar deixando as coisas pra depois”, reconhece o técnico de manutenção. Com essa consciência, ele decidiu mudar.  
“Procuro tentar fazer na hora em que tem ser feito. E temos que dar um jeito de fazer o que é extremamente chato. Eu procuro me focar nas pequenas coisas divertidas que as coisas chatas têm – se é que eu consigo encontrá-las – para me convencer na hora de que aquilo é bom”, revela Zamana, que usou esse entendimento para driblar o seu incômodo em falar ao telefone. “Penso que com uma ligação evito sair no sol quente e resolvo mais rápido o que preciso fazer. Porém, nunca vou deixar de estar sempre me vigiando porque procrastinar faz parte de mim”, admite o técnico de manutenção.
Quem, assim como Zamana, deseja superar o perfil de procrastinador crônico deve adotar a estratégia de “parar, pensar e só depois agir”, de acordo com Pilar. Essa reflexão deve buscar o que está por trás da conduta desgastante de protelar os afazeres. Questões como o medo de falhar, a insegurança, a desconfiança de não ter competência para executar a tarefa, a falta de motivação, entre outros fatores.“A pessoa precisa pensar no que ela quer e no quê vai conquistar ao fazer o que está postergando. Assim, ela se automotiva e começa a fazer o que não gosta ou está insegura. O desejo tem que ser maior do que o medo que a faz procrastinar”, propõe Pilar.
Uma dica prática é fazer uma lista das ações importantes a serem feitas no dia seguinte e no início do expediente dedicar de uma a duas horas em cumpri-las. E não vale partir para o segundo item antes de concluir o primeiro. Eliane indica começar a cumprir as tarefas lista pelo mais chato ou mais difícil. “Quando a gente tira algo de letra, ganhamos ânimo para fazer outras coisas. Se a pessoa inverte, ao final do dia ela já estará cansada para fazer algo que exige mais dela”, pondera.
Para a técnica da lista funcionar ainda é preciso hierarquizar prioridades entre as tarefas.  “Importantes são aquelas ações que me levam mais perto do meu objetivo e urgentes são aquelas que temos que fazer e nos distraem”, distingue Eliane, acrescentando também que é necessário saber delegar.
“Quando mais alta estiver a pessoa hierarquicamente, mais ela deve se dedicar ao que é importante e delegar as urgências”, conclui a especialista.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Mesma educação não evita irmãos completamente diferentes

Além da criação, muitos fatores influenciam na formação de um indivíduo


Os mesmos pais, passeios, brinquedos, escolas, pratos, valores, regras. Se o modo de educar é tão fundamental na formação de um indivíduo, por que filhos criados da mesma forma acabam se tornando diferentes –às vezes, opostos– uns dos outros, principalmente, na idade adulta?
Nem sempre essas diferenças dizem respeito apenas ao temperamento ou à personalidade, mas ao caráter. O que houve no meio do caminho para que irmãos se transformassem em pessoas com pouca ou nenhuma semelhança com a família de origem? Trata-se de uma questão que tem sido motivo de muitas pesquisas não só em psicologia, como, também, nas áreas de antropologia e ciências sociais.
Acontece que a educação dada pelos pais não é o único fator que molda uma pessoa. "Embora a família ainda seja o elemento de maior influência no comportamento de uma criança, o código genético do qual somos formados ainda é um grande mistério. E a maneira com que cada um compreende e interpreta as coisas que estão à sua volta é única", diz Maria Aparecida Belintane Fermiano, pedagoga e pesquisadora do Laboratório de Psicologia Genética da FE/Unicamp (Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas).
A percepção de cada filho sobre a realidade é diferente por conta de processos intrapsíquicos (que acontecem na mente e iniciam a partir do nascimento), que se desenvolvem a partir de experiências e estímulos. Esse mecanismo nos faz interpretar os fatos de forma particular: uma viagem de férias ou uma comemoração familiar, por exemplo, será encarada de modo distinto entre irmãos.
"A ideia da igualdade é mais uma defesa do ser humano para lidar com a difícil questão de respeitar as diferenças e conviver com o diferente. A educação familiar, mesmo que pautada nos mesmos princípios, será sempre única para os indivíduos. Cada ser é único em sua relação com o todo, com a vida e com sua história familiar. Daí as diferenças serem absolutamente possíveis, e não apenas decorrente de questões familiares", fala a psicóloga e analista junguiana Suely Engelhard, da ATF-RJ (Associação de Terapia Familiar do Rio de Janeiro).
As diferenças ficam mais perceptíveis à medida que as crianças vão crescendo. Ao observar dois irmãos que chegam à adolescência, por exemplo, é natural notar que lidam com conflitos e situações de modo diferente. Por exemplo: um é fechado, porque acha que nunca foi ouvido, e o outro é mais comunicativo, por acreditar que o diálogo sempre fez parte do meio familiar.
Mais um caso é o de irmãos com desempenhos escolares discrepantes: um é excelente aluno, mas o outro não quer saber de estudar. "Não conseguimos medir o que os outros sentem. Inúmeros são os fatores que fazem com que uma pessoa pense assim ou 'assado'. Quem sabe se o que não estuda não o faz porque tem medo de não ser tão bom quanto o outro? Ou porque escutou os pais elogiando o irmão e se ressentiu?", exemplifica Maria Belintane.

Ordem de nascimento

Eis um ponto importante: embora os pais acreditem que estão dando o mesmo tipo de educação aos filhos, na prática, não é bem isso que acontece. Primeiro: cada um sente o afeto de um jeito. E, depois, porque afinidades, temperamento, gênero e idade regem as relações. Existe uma corrente que prega que a ordem de nascimento dos irmãos acaba demarcando a função de cada um na dinâmica familiar –e influenciando na personalidade e nas escolhas futuras.
O maior defensor dessa teoria, acolhida por muitos estudiosos em comportamento humano, é o psicólogo norte-americano Kevin Leman, autor do livro "Mais Velho, do Meio Ou Caçula - A Ordem do Nascimento Revela Quem Você É" (Mundo Cristão). Ideias semelhantes foram apresentadas por seu colega de profissão, o também americano Frank J. Sulloway, em "Born to Rebel: Birth Order, Family Dynamics and Creative Lives" (em tradução livre, "Nascido para Se Rebelar: Ordem de Nascimento, Dinâmica Familiar e Vidas Criativas").
Para a psicóloga e terapeuta familiar Mara Lins, diretora científica do Cefipoa (Centro de Estudos da Família e do Indivíduo de Porto Alegre), o conceito faz sentido. "O primogênito costuma receber uma carga maior de expectativas por parte dos pais, pois é ele que, de certa forma, 'inaugura' a família. O caçula encerra esse ciclo e é mais mimado, pois, provavelmente, será o último a deixar a casa dos pais, marcando o surgimento do ninho vazio. Os filhos do meio, em geral, se tornam pessoas muito populares e queridas, pois tiveram de desenvolver recursos para chamar a atenção dos pais e se destacar no lar", explica.
De acordo com Sonia Maria Giacomini, coordenadora do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), o momento de vida em que o casal gerou cada filho também é determinante para as diferenças futuras. 
"Tudo deve ser levado em consideração: se as crianças foram planejadas ou não, se o casamento atravessa uma fase harmoniosa, a situação profissional e financeira dos pais, as circunstâncias que permearam a gravidez e o parto e até os sonhos e desejos da família. São fatores que ajudam a escrever a biografia de uma pessoa", diz.

Amigos, professores e outras influências

Conforme as crianças vão crescendo, outros fatores são acrescentados à formação: amizades, relacionamento com professores e avós, experiências, doenças. "Isso tudo faz com que um desafio, por exemplo, seja interpretado de modo diferente por irmãos, apesar de terem recebido as mesmas orientações para lidar com ele", fala Sonia Giacomini.
Uma explicação para a diferença de valores entre filhos e pais é o fato de terem nascido em épocas diferentes e, portanto, terem sido submetidos a distintos contextos econômico, social e político que influenciam a maneira de ser de uma pessoa, assim como a dinâmica do lar.
Uma vez que os filhos têm suas singularidades, o ideal seria não criá-los de maneira igual. "Temos de entender que eles precisam ser amados na mesma intensidade, mas não de modo igual, pois são pessoas diferentes. Cada um tem aspectos positivos e negativos distintos. É um equívoco compará-los, pois quando os pais fazem isso, eles aprendem a comparar o amor recebido e nunca, na opinião deles, serão amados tanto quanto o outro", afirma a pedagoga Maria Belintane.
O mais saudável, de acordo com os especialistas consultados, é se esforçar para administrar as diferenças, sem tentar padronizar os filhos ou forçar afinidades, sempre respeitando as particularidades de cada um.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

10 passos para superar o medo de mudanças

Trocar de emprego, morar em outra cidade, terminar um namoro ou decidir se casar; promover transformações assim assusta, mas é possível superar temores e mudar para melhor


Mesmo tendo a consciência que ela é inevitável e pode ser inclusive benéfica, muitas vezes é difícil encarar as mudanças que surgem em nossas vidas, porque elas vêm acompanhadas do medo, na maioria das vezes. Parte do processo dinâmico de viver, esse movimento pode se tornar algo renovador, se bem assimilado. De acordo com a psicóloga Márcia Vasconcellos, isso só acontece quando entendemos que mudar trará benefícios.
“Quando algo no mundo nos sugere mudança, nem sempre entendemos o motivo e nos perguntamos: ‘Pra quê mudar se as coisas sempre funcionaram deste ou daquele jeito? ’ Somente quando entendemos o benefício da mudança em nossas vidas é que conseguimos fazer o movimento”, explica Márcia.
No entanto, mudar não é tarefa fácil, já que ela implica deixar de lado velhos hábitos, pessoas, a cidade onde mora e até o país. Além de tudo, envolve uma série de desafios e inseguranças durante todo o processo. “Quando a pessoa supera os desafios e vê que obteve êxito fica muito feliz, satisfeita e tende a se sentir melhor. A sensação é de autorrealização”, aponta Fabiano Goldacker, executive coach da Effecta Coaching.
“Mudanças só valem a pena se haver aprendizado. Mesmo aquelas que não foram bem sucedidas nos levam a questionar o que poderia ter sido feito de forma diferente e como agiremos quando novas oportunidades aparecerem”, prossegue Goldacker. “Num primeiro momento, nos deixa vulneráveis, mas quando entendemos o porquê e pra quê, isso nos possibilita tirar melhor proveito da situação e assim, crescemos individualmente”, completa Márcia, lembrando ainda da confiança e da autoestima que ganhamos com isso.
Contudo, não dá para se enganar e acreditar que o processo será rápido e não exigirá paciência. “Antes de mudar é preciso esclarecer os motivos, percebendo quais as perdas e benefícios envolvidos. Devemos ainda trabalhar os medos para que possamos nos envolver no processo de forma consciente, mas confiantes de nossa escolha”, aconselha Márcia.
Por fim, o processo de mudança exige liderança e protagonismo, de acordo com Goldacker. Consciente dessas necessidades que mudar traz é possível então iniciar o processo, como se pode ver nos dez passos elaborados pelos especialistas.
1 - Faça uma lista de prós e contras: grande parte do problema em mudar está quando não pesamos consequências das nossas atitudes. Ter uma ideia clara dos ganhos e perdas envolvidos vai ajudar a deixar o processo mais fácil.
2 - Tenha clareza de seus objetivos: saiba exatamente aonde você deseja chegar e não abra concessões de seus sonhos e desejos. Se você quer trabalhar menos e ter tempo para a família, por exemplo, foque neste objetivo até conquistá-lo.
3 – Não negue o medo: não vai ter como fingir que ele não existe quando o medo aparecer. É natural ficar apreensivo numa situação de grande mudança, aceite essa condição. Se você evitar assumir que está apreensivo, o temor pode se tornar maior e mais forte.
4 - Fale sobre o assunto: conversar sobre algo que está incomodando sempre ajuda. Evite guardar a angústia gerada por uma mudança só para você. Converse sobre o que está sentindo com familiares e amigos, não só para ouvir conselhos, mas para viver o sentimento de alívio que desabafar traz.
5 – Mas não seja um reclamão: desabafar é positivo, mas não significa que você vai ficar falando do assunto o tempo inteiro. Isso não vai resolver o seu problema, talvez o piore. A reclamação traz uma sensação de fracasso e te impede de seguir adiante.
6 - Coloque o plano em ação: uma vez que você analisou os prós e contras, é hora de colocar seu projeto em ação. Não fique esperando pelo momento ideal para isso. Comece a agir mesmo que o cenário não seja dos mais favoráveis.
7 - Estude seus passos: olhe para a situação de diferentes ângulos e mude a rota se for necessário. Vai abrir um negócio? Estude bem o mercado, os clientes, os produtos. Quanto mais preparada (o) estiver, maior a sua segurança ao agir.
8 – Não perca a paciência: toda mudança leva tempo, tenha isso em mente quando a impaciência surgir. Da mesma forma, fique consciente que você não terá o controle absoluto do processo de mudança.
9 - Busque opiniões externas: ouvir uma opinião de quem está de fora da situação ajuda a relativizar os problemas. É natural que quem está vivenciando tudo de perto tenha a tendência de supervalorizar tudo, inclusive aspectos mais simples.
10 – Se precisar, mude o foco: Algo deu terrivelmente errado? O novo emprego é péssimo? Não gostou do prédio novo? Tente deixar o problema esfriar um pouco. Procure ocupar a mente com um hobbie, saia de casa ou simplesmente tome um café e relaxe. Com a cabeça livre da pressão é mais fácil pensar melhor e achar uma solução mais rapidamente.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ansiedade e depressão não são quadros opostos

Ambos têm sintomas em comum e podem aparecer na mesma pessoa


Muitas pessoas acreditam que depressão e ansiedade são quadros opostos, mas isto não é verdade. Existem muitos estudos a cerca destas doenças, e o que se pode observar é que o diagnóstico de depressão pode passar para um quadro de ansiedade em 2% dos casos e no sentido contrário, ansiedade para a depressão em 24% dos casos. Por isso é importante buscar a ajuda de um especialista para evitar que o quadro se agrave. 
Primeiro, vamos entender o que é a ansiedade. Esse é um sentimento que causa desconforto, uma apreensão desagradável que pode surgir frente a um perigo real, ou imaginário, onde prepara o indivíduo para uma situação potencialmente danosa, como punições, privações ou ameaças físicas ou morais. A ansiedade impulsiona a pessoa a resolver a situação, aumentando o grau de vigília e sua capacidade de ação, é natural do ser humano e adaptativo, necessário para a autopreservação. 
A ansiedade se torna patológica quando passa a atrapalhar o indivíduo, trazendo prejuízo ao bem estar e ao seu desempenho, impedindo-o de enfrentar as situações ameaçadoras. Seus sintomas são intensos e aparecem como medos exagerados, estados em que não se consegue relaxar, sensação de que sempre algo ruim está para acontecer, falta de controle sobre seus pensamentos, fixação em seus problemas, pavor de situações difíceis, dificuldade de concentração, fadiga, irritabilidade, problemas sexuais, dificuldades para dormir, entre outros. Esses pensamentos geralmente vêm associados a sensações físicas como mal estar, dor de estômago, aperto no tórax, palpitações, inquietação, sudorese, etc. 
Já a depressão é um distúrbio emocional caracterizado por tristeza profunda e baixa autoestima, que pode ser desencadeada por diversos fatores. Nele há uma alteração química no cérebro do paciente, onde os neurotransmissores não são produzidos de maneira satisfatória. Entre eles estão a serotonina, noradrenalina e dopamina, que são substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. 
Os sintomas da depressão são: apatia, falta de motivação, medos que antes não existiam, dificuldade de concentração, perda ou aumento de apetite, pessimismo, indecisão, insônia, sensação de vazio, irritabilidade, raciocínio mais lento, esquecimento, ansiedade, angustia, entre outros. 
Podemos observar que há muitos sintomas similares entre a depressão e a ansiedade, como por exemplo, os medos, dificuldade de concentração, insegurança, irritabilidade, entre outros. O que é importante ressaltar é que ambos são doenças e devem ser diagnosticas e tratadas corretamente por profissionais especializados. 
É importante que se houver alguma dúvida quanto a sintomas ou diagnósticos, procure um especialista e faça uma avaliação, pois são doenças que podem se agravar. O quanto antes elas forem tratadas, mais rápido e eficiente será o restabelecimento da saúde mental desse paciente.