quinta-feira, 29 de maio de 2014

Morte, separação, demissão: entenda o luto para superá-lo

O ex-funcionário continua destilando palavras de ódio contra a empresa meses após ser demitido. O filho fica sem ação ao receber a notícia da morte da mãe. O namorado traído não consegue se envolver em um novo relacionamento. Todas essas situações fictícias envolvem experiências de perdas. E quem passa por algo parecido vivencia exatamente o mesmo processo psicológico: a vivência do luto.

O luto, ao contrário do que se imagina, não faz referência apenas à reação que se tem diante da morte de alguém querido. "O luto é um processo relacionado a todas as perdas significativas que sofremos", diz a psicóloga Elaine Gomes dos Reis Alves, professora e pesquisadora do Laboratório de Estudos Sobre a Morte, do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo). Ela explica que essas privações podem ocorrer tanto no plano concreto –quando ocorre a perda de um emprego, por exemplo– quanto no simbólico –quando "morre" a figura idealizada da namorada.
 
Segundo Gabriela Casellato, psicóloga pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e cofundadora do Instituto de Psicologia 4 Estações, instituição particular na capital paulista, o luto se apresenta como um conjunto de reações associadas à perda.

"Na esfera física, podem surgir fadiga, queda de resistência imunológica e alterações de sono, alimentação, atenção e concentração. As alterações emocionais incluem tristeza, angústia, ansiedade, raiva, medo e insegurança. Também pode ocorrer isolamento social ou, ao contrário, a necessidade de falar continuamente sobre a perda. Há, ainda, pessoas que têm a fé abalada nessas situações, que perdem a esperança e questionam valores antes arraigados", diz Gabriela. 
 
De fato, cada pessoa pode reagir de maneira diferente a uma perda que, para ela, tenha um valor importante. Mas, na década de 1960, uma psicóloga suíça chamada Elisabeth Kübler-Ross (1926-2004) descreveu cinco fases que, de maneira geral, compõem o processo do luto: 
 
- Negação: a pessoa tenta negar a existência do problema ou situação e, às vezes, evita até falar sobre o assunto. "Isso não pode ser verdade!", pensa.
 
- Raiva: é comum aparecer revolta e ressentimento quando a pessoa se dá conta da perda. "Por que eu?" é o pensamento recorrente.

- Negociação: quando a hipótese da perda começa a se concretizar, é comum que a pessoa tente reverter a situação tentando um acordo consigo, com outra pessoa ou divindade. 

- Depressão: ocorre quando a pessoa toma consciência de que a perda é inevitável. Tristeza, desolação, apatia e medo são sentimentos comuns nessa fase. Não deve ser confundida com a doença diagnosticada como depressão, que envolve um desequilíbrio químico e tratamento específico. Por isso, a psicóloga Elaine prefere usar o termo "tristeza".

- Aceitação: é a fase em que pessoa aprende a viver sem aquilo que perdeu. Não significa esquecer ou não sentir mais tristeza ao se lembrar do fato. "Um pai nunca vai aceitar a morte de um filho", exemplifica a psicóloga Elaine. Nesse contexto, aceitar é apenas conseguir continuar tocando a vida.
 
Elaine Alves explica que essas fases não devem ser vistas como obrigatórias e também não seguem necessariamente uma sequência. Podem, inclusive, se sobrepor umas às outras. A fase descrita como depressão está, com maior ou menor ênfase, presente em todas as outras. "O processo é sofrido, mas necessário para a superação da perda. A tristeza precisa ser vivenciada. O problema, hoje, é que toda tristeza é tratada como depressão", diz ela. 

 

Você não tem que ser forte 

 

Perdeu um filho? "Você tem que ser forte!" Está sofrendo por um amor? "Isso vai passar". Perdeu o emprego? "Foi melhor para você". Levaram o carro em um assalto? "Não fique assim, o importante é que você está com saúde".

Apesar de estarem sempre carregadas de boas intenções, essas tentativas de consolar alguém que sofre uma perda quase nunca funcionam, segundo Elaine. Ao contrário. A tentativa de amenizar o sofrimento do outro pode até prejudicar o processo de luto dele. "É muito ruim quando a pessoa se sente desvalorizada em sua dor. Os pequenos lamentos também precisam ser acolhidos", diz a psicóloga. 
 
Nesse momento, ajudar é reconhecer o direito de quem sofre a ser fraco e expor sua dor ou, ao contrário, o direito a silenciá-la. Assim, tão prejudicial quanto inibir o sofrimento pode ser a insistência para que a pessoa que está triste chore. "Quem não consegue chorar sofrerá, além da dor da perda, a culpa por não reagir da maneira esperada", alerta Gabriela Casellato. E em boa parte das vezes, o melhor consolo é o silêncio. "Os judeus, por exemplo, têm o costume de se revezar para ficar em silêncio ao lado da pessoa enlutada", diz Elaine. 

Quando procurar um especialista

A psicóloga Elaine diz que as pessoas mais resilientes tendem a reagir melhor ao luto. "Elas geralmente enfrentam melhor as situações de perda", afirma. O conceito de resiliência, emprestado da física, é utilizado para definir essas pessoas que lidam bem com situações adversas.
Para a psicóloga Rosane Rodrigues, professora do Departamento de Psicodrama do Instituto Sedes Sapientiae, instituição que oferece cursos para profissionais e atendimento psicológico, de São Paulo, o amadurecimento –não necessariamente ligado à idade– também pode influenciar positivamente na maneira como a pessoa lida com o luto. "O enfrentamento da morte e das perdas vai ficando menos difícil a cada vez que passamos por essas situações", afirma. 
 
O processo de elaboração do luto pode ser longo: não há tempo definido para terminar. Mas as especialistas identificam que o período de um ano costuma ser o mais crítico.  É quando diferentes marcos temporais lembrarão a perda sofrida, como o aniversário da pessoa que morreu, o primeiro Natal em situação adversa ou a época de confraternização de final de ano da empresa em que se trabalhou durante tanto tempo. Passados esses meses, é esperado que a pessoa já saiba como é viver e sobreviver à nova realidade e que, aos poucos, consiga ir retomando a sua vida.
 
Pode ocorrer, no entanto, que pessoas com condição ou histórico prévio de depressão tenham a doença desencadeada ou agravada numa situação de luto. Segundo a psicóloga Gabriela Casellato, três aspectos podem pesar nesse diagnóstico: o tempo do luto, a intensidade das reações e o impacto que elas têm sobre a vida da pessoa. Vale avaliar, por exemplo, até que ponto a tristeza está impedindo quem sofre de desempenhar as atividades que antigamente faziam parte da rotina, afetando os relacionamentos com outros parentes e amigos ou colegas de trabalho.
 
Diante da suspeita de que o luto evoluiu para algo mais grave, o indicado é buscar ajuda. Gabriela explica que o psicólogo pode propor um trabalho psicoterápico individual ou em grupo. "E mesmo em caso de luto considerado normal, grupos de apoio e autoajuda podem dar um bom suporte no nível do aconselhamento e acolhimento", diz a psicóloga.
FONTE: UOL Mulher

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Na mídia



Confira a entrevista da psicóloga Roneida na Rádio Globo, na última semana sobre como os pais devem agir quando os filhos tomam uma decisão errada e o Projeto Adolescer, idealizado pela especialista. Está imperdível!



quarta-feira, 21 de maio de 2014

Confira!

Amanhã, a psicóloga Roneida Gontijo Couto, participa, ao vivo, do programa Manhã da Globo, pela Rádio Globo (AM 1150) a partir das 11h e explica o que fazer quando os filhos tomam decisões erradas. A especialista vai falar ainda sobre o Projeto Adolescer, criado por ela para ajudar adolescentes e pais a vivenciarem as mudanças que ocorrem durante a adolescência de maneira mais fácil e positiva, não perca!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Pais que praticam bullying com filhos são frustrados com a própria educação

Cena mostra quando Shirley chega de viagem e traz um vestido GG para Bárbara de presente       


Cena mostra quando Shirley chega de viagem e traz um vestido GG para Bárbara de presente


Na tentativa de fazer com que a filha emagreça e se torne mais vaidosa, Shirley (Vivianne Pasmanter) sempre acaba pegando pesado com Bárbara (Polliana Aleixo). Uma das atitudes mais execráveis da ricaça de "Em Família", da Globo, foi ter dado de presente à garota uma roupa tamanho GG, com clara intenção de humilhá-la.

Assim como acontece na trama de Manoel Carlos, na vida real algumas mães – e pais, também – ultrapassam os limites do bom senso na hora de fazer uma crítica aos filhos, ou ao tentar incentivá-los. Mas nem sempre, os motivos têm a ver com crueldade ou falta de afeto.

Segundo Marcelo Lábaki Agostinho, psicólogo clínico, psicanalista e terapeuta familiar com atuação em consultório particular e no Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), o modo como os pais lidam com os filhos é fruto, principalmente, da educação que receberam – para o bem e para o mal.

"Considerando que os pais costumam educar os filhos a partir da própria experiência com que foram educados, a tendência seria repetir a educação que receberam. Só que essa repetição pode se dar de duas formas distintas", comenta o especialista.

A primeira seria a partir da idealização da educação que receberam. Ou seja, se pais usaram, por exemplo, de castigos ou autoridade, e isso aparentemente funcionou, por que não agir igual com os próprios filhos?

"A partir da idealização, a pessoa repete a educação recebida sem olhar para as necessidades e história dos próprios filhos, que podem ser muito diferentes da que os pais tiveram quando pequenos", diz Marcelo.

A outra maneira percorre a direção inversa: educar os filhos a partir do contrário de como foram educados. Aqui, ao invés da idealização, há uma crítica (que pode ser mais ou menos acirrada) em relação ao modelo de educação que receberam.
"Se os pais foram muito rígidos, eles podem, por exemplo, educar os filhos de uma forma mais permissiva", fala o psicólogo. 

Para Marcelo, no caso exposto pela novela, Shirley demonstra extrema inabilidade em abordar o assunto da obesidade com a filha, resultado de questões mal elaborados no passado com os próprios pais. Para quem não lembra, Shirley abominava os porres e escândalos públicos de Viriato (Henrique Schafer) e tinha vergonha do jeito fútil de Mafalda (Simone Soares) que, inclusive, parecia querer competir a com a filha no jeito de se vestir e se comportar.

"Talvez pais e mães parecidos com Shirley não queiram magoar ou não ajam por maldade ou falta de afeto, mas suas ações machucam os filhos, que as recebem de outra forma, sem que se dêem conta disso", diz o especialista.

Na opinião de Rejane Sbrissa, psicóloga de São Paulo (SP) especializada no tratamento da obesidade e de transtornos alimentares, outro ponto de vista é que mães excessivamente críticas como a personagem de "Em Família" são controladoras e não aceitam os filhos como são por causa do próprio passado. 

"Provavelmente seus pais foram exigentes e cheios de cobranças. São mães que sofreram falta de afeto e que acreditam que estão agindo corretamente com os filhos para que eles não sofram o que ela sofreu", declara.
 
Consequências ao longo da vida

O fato é que críticas e comentários pejorativos podem provocar resultados desastrosos na autoestima do filho. "Durante a infância a criança cresce achando que a mãe esta correta, mas não entende em que realmente erra... Só sabe que do modo como se comporta, não agrada. Sente-se sempre culpada e nem sabe direito o porquê", conta Rejane.

De acordo com a psicóloga cognitivo-comportamental Mara Lúcia Madureira, de São José do Rio Preto (SP), a criança não tem capacidade de crítica para compreender que a mãe a maltrata por problemas relacionados à própria personalidade.

"Ela acredita que se o desprezo da mãe deve-se ao fato de que ela é ruim e não merecedora de afeto, daí a constante busca de aprovação dos pais", explica.

Essa sensação de culpa já faz com que a criança se desenvolva até a adolescência sem autoestima, tornando-se insegura e fechada, pois tem medo de ser criticada, como a mãe o fez. Nem por isso, entretanto, os filhos rechaçam os pais ou deixam de gostar deles – na novela das 21h, é perceptível o amor que Bárbara sente por Shirley e o quanto gostaria de se sentir amada pela mãe.

E na idade adulta a pessoa não consegue se gostar e aceitar como realmente é. Está sempre querendo agradar aos outros e tentando fazer as coisas como os demais esperam. São indivíduos que nunca se sentem em seu próprio corpo, pois aprenderam desde cedo que o modo como são é errado ou insatisfatório.

A psiquiatra Dinah Akerman, de São Paulo, diz que ao longo da vida todos costumamos criar defesas psíquicas para nos proteger de situações que causam medo, dor e vergonha. E assim conseguimos sobreviver à prova dos arranhões no plano emocional.
"O maior desejo de qualquer pessoa é ser amada, principalmente pelos pais. Isso tende a se perpetuar na vida adulta se ela continua presa às defesas criadas na infância pela falta de afeto. É como se a Bárbara fosse regida pela sua criança interna", fala.

FONTE: UOL Mulher

terça-feira, 6 de maio de 2014

A psicóloga Roneida Gontijo Couto com a apresentadora Angélica Hodge, durante sua participação, ontem, no programa Revista BHNews, divulgando o Projeto Adolescer e falando sobre as mudanças psicológicas e comportamentais durante a adolescência.