sexta-feira, 27 de junho de 2014

Pais desempregados afetam felicidade e autoestima dos filhos

  Relatório governamental mostra que crianças perdem um modelo quando vêem seus pais sem emprego


Crianças correm o risco de serem prejudicadas caso seus pais percam o emprego – de acordo com um relatório do governo britânico direcionado a profissionais da saúde. As informações são do site do jornal Daily Mail.

As autoridades afirmam que o desemprego do pai faz com que a criança percam um modelo e isso afeta a sua felicidade e o bem-estar.

O relatório do Departament of Health mostra que as crianças necessitam de uma figura estável, que vai para o trabalho para prover.

De acordo com os dados, os pais desempregados ou que dependem de benefícios acabam correndo a autoestima dos filhos, o que pode afetá-los anos mais tarde. “Se o pai da criança está desempregado, mesmo quando for reempregado, anos mais tarde, isto pode a longo prazo afetar a felicidade da criança”, diz o comunicado.

Um número recorde de mulheres mais velhas foram forçadas a voltar para o trabalho com o aumento do custo de vida, mostrou um estudo.

Um relatório da TUC mostrou que 2,278.000 mais mulheres estão hoje no mercado, quando se compara com 20 anos atrás.

Os dados oficiais do Office of National Statistics, revelados semana passada, mostram que o número de mulheres empregadas no Reino Unido atingiu o seu nível mais alto desde que os registros começaram, bem como o número total de desempregados caiu novamente no final do ano passado. 

FONTE: Site TERRA

terça-feira, 24 de junho de 2014

5 dicas para a troca de escola no meio do ano ser tranquila

Escolha segura e apoio dos pais são fundamentais para a adaptação das crianças no novo colégio


Em agosto do ano passado, Andrea Amaral Cunha, de Brasília (DF), teve que mudar sua filha Maria Luísa, de 8 anos, de escola. A troca aconteceu por conta de uma transferência de emprego de Andrea e seu marido, do Rio de Janeiro (RJ) para a capital brasileira. Como toda mãe que muda o filho de escola no meio do ano letivo, Andrea temeu pela adaptação da menina. Mas, para sua surpresa, Maria Luísa adorou a nova escola, fez muitos amigos e foi bem recebida pelos professores.

Mudança sem traumas 


Durante a procura pela nova escola em Brasília, Andrea fez questão de escolher uma com o mesmo método de ensino do antigo colégio da filha, no Rio de Janeiro. No entanto, de acordo com a psicopedagoga Selma Maria Sabino, gestora educacional do Colégio COPI e do Colégio Módulo, de São Paulo, a transferência para uma escola com a mesma metodologia só é viável em casos como o de Andrea: quando a criança está mudando de cidade e gostava do método antigo. Mas, se troca vai acontecer por conta da não adaptação ou mau desempenho no colégio anterior, a sugestão de Selma é procurar algo diferente e que atenda as reais necessidades da criança. “Se não deu certo de uma forma, vale procurar outra. Por exemplo: se a escola que seu filho estudava é muito grande, procure uma menor e mais acolhedora. Se a metodologia era muito tradicional, vale encontrar uma mais moderna”, afirma. Abaixo, confira mais 5 dicas que vão ajudar você e seu filho nessa transição:
Demonstrar segurança e otimismo (com equilibro!) durante a mudança é essencial para deixar a criança tranquila e menos ansiosa. Por isso, converse com ela e mostre que vocês estão juntos nesta adaptação.

O novo ambiente


Depois de decidir pela escola ideal para o seu filho, leve-o para conhecer o ambiente antes das aulas começarem. Sabendo onde está a sua sala e os banheiros, por exemplo, a criança se sentirá mais segura e preparada para o primeiro dia de aula.

Escola-família


A maioria das crianças se adapta muito rápido à nova escola, mas é importante fazer alguns “combinados” com a equipe pedagógica. Converse com a coordenação sobre as futuras avaliações e, principalmente, sobre o conteúdo do semestre que já passou e que ainda virá. Isso serve para saber se o seu filho também já aprendeu as matérias que foram ensinadas à turma. Se isso não aconteceu, certifique-se de que a escola dará esse suporte com o conteúdo ou se você terá que procurar aulas particulares.

A primeira semana


Cada criança tem seu tempo. Enquanto umas fazem amizade já no primeiro dia de aula, outras podem demorar um pouco para encontrar um novo amigo. Por isso, vale acompanhar de perto a primeira semana do seu filho na nova escola. “Veja se a criança foi acolhida de maneira especial e mantenha contato com os professores”, orienta Selma.

Antigas amizades


Além de dizer para o seu filho estar aberto às novas amizades, é fundamental manter contato com os colegas da antiga escola. “Dessa forma, ela saberá que é possível fazer novos laços sociais, mas sem perder outros”, finaliza.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Sete medidas simples ajudam a manter uma família unida


Conciliar agendas de pais e filhos, especialmente os que moram em regiões metropolitanas, não é tarefa fácil. É comum encontrar famílias nas quais cada membro tem um horário diferente para acordar, fazer as refeições e dormir.

No entanto, educadores e psicólogos têm enfatizado a importância dos momentos de convívio no lar. A orientação é respaldada por pesquisas, como a realizada em 2012 pelo Centro Nacional sobre Dependência e Abuso de Substâncias da Universidade Columbia, de Nova York.

O levantamento constatou que os adolescentes que faziam refeições em família com frequência –de cinco a sete vezes por semana– eram menos estressados, tiravam notas melhores na escola e estavam menos vulneráveis ao consumo de drogas legais e ilegais. Esse grupo foi comparado a outro que reunia jovens que se sentavam à mesa com os pais duas vezes por semana ou menos.

"A família é o núcleo fundamental de constituição do ser humano. É nesse convívio que os pais transmitem aos filhos valores, educação, cultura, tradições e um modelo de comportamento social", explica a psicóloga Denise Maria Perissini, especialista em Psicologia da Família e membro-colaboradora da Comissão de Direito da Família da OAB de Santo Amaro, em São Paulo.
"Além disso, os esforços para manter a família unida mostram, principalmente aos mais jovens, que os problemas podem (e devem) ser resolvidos em conjunto, respeitando as diferenças individuais", diz a psicóloga. 

Vale a pena, portanto, colocar todo o empenho possível no objetivo de aproximar a família, garantindo o bem-estar de todos os membros.  Confira, a seguir, algumas atitudes que podem ajudá-lo a atingir essa meta.

 

1. Reunir a família ao redor da mesa

Procure fazer pelo menos uma refeição diária com a família toda junta. Se não for possível reunir o grupo no almoço ou no jantar, vale acordar um pouco mais cedo para fazer um café da manhã especial ou, ao contrário, preparar uma ceia bem tarde da noite, quando todos já chegaram. O importante é criar um momento para pôr em dia as novidades. Envolver os filhos no preparo dos alimentos e na organização da cozinha também ajuda a criar momentos de intimidade.

 

2. Estimular a comunicação

Mantenha abertas todas as vias de diálogo, mesmo que haja divergências. "Para estar unido, não é necessário concordar em todos os pontos", diz Cíntia Reis de Silva, psicóloga pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas e especialista em psicologia familiar e conjugal. O importante é compreender, aceitar as diferenças e desenvolver o sentimento de respeito mútuo.

Isso vale mesmo quando os membros estão geograficamente distantes. Nesse caso, a psicóloga Denise sugere aproveitar todos os recursos de comunicação disponíveis: "Se não é possível garantir a presença física, telefonemas periódicos ou postagens frequentes nas redes sociais ajudam a manter a comunicação ativa entre os familiares. Isso aumenta a motivação para se reunirem, não apenas nas datas comemorativas ou em circunstâncias extremas (como falecimentos, por exemplo), mas o ano inteiro".

 

3. Programar atividades de lazer

Garantir que a família se divirta unida, com alguma regularidade, ajuda a manter o vínculo. Vale planejar atividades simples, das quais todos possam desfrutar: filmes adequados a todas as faixas etárias (os adultos vão se surpreender com a qualidade de algumas produções infantis e adolescentes), jogos de tabuleiro ou uma caminhada no parque.

 

4. Criar novas datas para comemorar e relembrar

Se os membros da família dividirem os mesmos valores morais, culturais e religiosos, a probabilidade de que continuem caminhando próximos será maior. E uma boa maneira de reforçar os princípios da família é criar novas datas para comemorar ou relembrar feitos ou pessoas importantes, fora do calendário comercial.

"Nessas cerimônias particulares, lembrar datas de luto em respeito aos que já se foram tem um enorme significado simbólico e afetivo para a compreensão e o fortalecimento da história da família", afirma Cíntia. Pais e filhos também podem se reunir para ações de caridade ou para a prestação de serviços, como arrecadação de suprimentos para asilos, orfanatos ou vítimas de tragédias. "Essas atividades transmitem o sentimento de solidariedade", diz a psicóloga.

 

5. Participar da vida escolar dos filhos

O compromisso com a educação dos filhos não se resume apenas à presença nas reuniões de pais e nos eventos comemorativos da escola. Cabe aos pais acompanhar as lições de casa, sem interferir na execução da tarefa, e buscar, na medida do possível, a integração em outras atividades educativas, incluindo as esportivas, que contribuem para o cultivo de afinidades.

E, nessas situações, participar não é apenas conferir os resultados, mas acompanhar todo o processo: "Existem pais que nunca assistem aos treinos do filho e só aparecem nos dias de competição. Isso pode deixar a criança ou o adolescente confuso quanto à valorização que a família lhe dá. Os filhos devem ser valorizados em todas as etapas, inclusive nos fracassos, e não somente quando ganham medalhas", declara Denise Perissini.

 

6. Não forçar a barra

As atividades que buscam integrar a família precisam ser prazerosas para todos, ou perderão completamente o sentido. Por isso, é preciso atenção e cuidado com as diferenças individuais. Há pessoas que precisam ficar mais tempo reclusas do que outras e essa característica precisa ser respeitada.

A psicóloga Cíntia diz, ainda, que não se pode confundir autonomia com ausência de laços afetivos: "A autonomia emocional é necessária para que cada indivíduo da família cresça e busque viver a sua própria história, porém, sem abrir mão da sensação de pertencimento a um grupo familiar no qual encontra segurança. Os membros da família devem estar juntos por prazer, não por dependência".

 

7. Buscar ajuda

Que ninguém se engane: onde há convivência, há conflito. Então, diante de um problema familiar, encarar o problema e buscar recursos para resolvê-lo o quanto antes é sempre a melhor saída. Portanto, não hesite em buscar a ajuda de um profissional especializado em terapia familiar quando perceber que pais e filhos não estão conseguindo, sozinhos, curar as feridas e restabelecer a confiança fundamental para que, juntos, possam seguir adiante.

FONTE: Mulher UOL.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Estudo: mães que querem ser perfeitas são mais depressivas

As mães que se preocupam com a opinião dos outros em relação a este papel tendem a ter mais problemas de saúde mental


Mães preocupadas demais em serem perfeitas têm mais chances de terem depressão, diz um estudo da Universidade de Michigan. As mulheres que se sentem pressionadas a acabarem o quanto antes com o choro do bebê, que controlam excessivamente o comportamento dos filhos em público e que se preocupam que os outros notem o quanto ela é boa mãe se colocam em situações de muito estresse e acabam ficando mais suscetíveis a problemas de saúde mental.

Segundo o site inglês Daily Mail, se preocupar demais com estas questões faz com que a mulher nunca peça ajuda em relação à educação dos filhos. "As crianças supostamente devem ser perfeitas e se comportarem bem, mas se isso não acontece, a mãe acha que as pessoas percebem o quanto ela falhou neste papel", explica o responsável pelo estudo, Dr. Thomason.


O resultado mostrou então que as mães que se preocupavam demais com a opinião e julgamento das pessoas sobre seus papéis tinham grandes chances de serem mais depressivas. Já aquelas que percebem que ser pai não é estar em uma disputa tendem a pedir mais ajuda. "O filho ser mal -comportado não é culpa da mãe, é preciso desenvolver estratégias na educação e entender que eles podem ser desafiadores", afima o especialista.

Um recente estudo australino concluiu que uma em cada três mães tem mais sinais de depressão quando os filhos completam quatro anos do que no ano que dão à luz.

FONTE: MULHER. Terra.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Copa das 'selfies': a moda já foi longe demais? Saiba se você também sente os efeitos da exposição

Nos Estados Unidos, disseminação dos autorretratos é apontada como razão para aumento de intervenções no rosto e também nas mãos. Pressão constante nas redes sociais e aplicativos teria aumentado insegurança, principalmente em adolescentes e adultos jovens. 


A psicóloga Fernanda Seabra, especialista em Terapia Familiar Sistêmica e integrante do Projeto Adolescer, foi a profissional que ouviu a frase que abre a matéria. Com aquelas palavras exatas. Ela aponta que o narcisismo, apesar de sempre parecer a explicação mais fácil nesses casos, realmente está inserido nesse contexto, mas não é o único argumento. “Parte dos usuários – não todos, é claro – vive no mundo virtual aquilo que não consegue viver na realidade. São pessoas em sua maioria carentes, com autoestima debilitada e que dependem de 'curtidas' e comentários para se sentirem bem, para terem a sensação de que são amados”, explica.

Fernanda salienta que essa 'necessidade' não é nova, o que mudou foi a rapidez com que a informação e a imagem circulam. Com o ambiente virtual, tornou-se possível construir uma imagem de glamour e ganhar visibilidade com essa pose, ainda que seja uma meia-verdade. “Quem conquista essa visibilidade passa a ser 'seguido' e as marcas estão de olho nesses porta-vozes. O transtorno de personalidade narcisista, caracterizado, entre outras coisas, pela pessoa que precisa constantemente de aprovação externa, sempre fará parte dessa relação”, avalia. Um outro complicador é que o narcisista quer que o outro veja tudo que ele faz, mas não quer que as outras pessoas tenham a mesma oportunidade.” Aos poucos, essa pessoa vai perdendo parte de suas características humanas – a bondade, a compaixão, o altruísmo”, destaca a psicóloga.

A desumanização vem acompanhada de um pensamento com foco em imagem, poder e status. No caso das mulheres, principalmente, em magreza. Fernanda cita dois exemplos – a 'selfie' pós-sexo e o 'Ken brasileiro'. “A selfie #aftersex, que se tornou moda nos últimos meses, tem alguma outra função que não dizer ao mundo que se é uma pessoa amada, que se tem vida sexual satisfatória – ainda que a realidade não seja tão cor de rosa assim?”, questiona a psicóloga.

No caso do modelo Celso Santebañes, mais conhecido como o Ken brasileiro, uma declaração recente chamou a atenção de Fernanda - “quando estou triste, olho no espelho, aí não fico mais triste”, disse em entrevista na televisão. Aos 20 anos, ele já gastou R$30 mil em cirurgias plásticas – nariz, queixo, peito. “O entrevistador questionou porque o rapaz não olhava nos olhos dele na entrevista. Ele disse que preferia olhar o monitor. É um sinal de desumanização”, exemplifica a especialista.
 
É claro que existe uma parcela das pessoas que faz uso saudável da rede - por motivos profissionais, para dar notícias aos amigos e familiares em momentos de viagem, por exemplo. “São pessoas que vivem o mundo real, têm amigos reais, não 'precisam' de curtidas e comentários. Conseguem dividir seu tempo, conseguem ir e vir entre as duas faces. Mas quando esse hábito se torna uma compulsão, integra uma necessidade de ostentação e de aprovação constante, é hora de questionar”, orienta Fernanda. Conectar-se no virtual para fugir do real é o perigo, destaca a terapeuta.

Nada de novo no front?
 
Há um outro lado nessa história toda – o de quem curte. A exposição pode criar, além de admiradores, uma rede de inveja. Existem aqueles perfis de usuários de redes sociais que, apesar de não postarem nada de si mesmos, acompanham a vida do outro. E pautam sua vida pela rotina alheia – não por admiração.

A vontade de pertencer a um grupo é velha conhecida dos seres humanos. O que mudou é a instantaneidade e os critério de pertencimento. Se antes esperávamos dias pela revelação de uma foto, hoje ela está no ar em segundos. “Posso mostrar o que eu tenho, o que eu consumo. É isso que vai me tornar alguém diante dos olhos de várias pessoas – o ter; e não o ser. A imagem que eu quero passar está diretamente ligada ao consumo”, aponta Fernanda.

De acordo com a psicóloga, a imagem construída na sociedade do consumo e da performance contrasta com as queixas no consultório – solidão, dificuldade para encontrar um companheiro (a), carência. “O selfie traduz bem isso – eu gasto para me transformar em quem eu quiser e ficar bonito de acordo com os critérios alheios. Segue-se a moda dos outros; e não a própria moda”, pondera Fernanda.


Um dos maiores desafios do ser humanos é, segundo a especialista, tolerar quem nós somos. “Não vejo problemas em uma intervenção cirúrgica, desde que o significado seja realmente importante para aquele indivíduo; e não por uma moda ou para ganhar exposição”, conclui.

Identidade
 
E por que sempre os mais jovens são os mais afetados? Esses impactos são mais fortes na turma com menos de 30 anos porque é justamente até essa idade que a pessoa está construindo sua identidade.

Os mais jovens têm ansiedade para experimentar, mas ainda não têm crivo para avaliar plenamente. “Entre os 18 e 30 anos, é comum que a maioria das pessoas faça o que todo mundo faz - tira a carteira, entra para a faculdade. É a cultura do 'seu mestre mandou'”, esclarece Fernanda.

Por volta dos 30 anos é que os questionamentos verdadeiramente acontecem e a pessoa passa a reavaliar o que traz significado para a vida. Mas nem sempre – até isso está mudando “As crianças têm que ser miniadultas, usa roupas de adulto, crescer rápido. Depois entram na juventude e não conseguem sair dela. Têm vida sexual ativa, emprego, renda, mas não querem sair da casa dos pais, não querem assumir responsabilidades”, aponta a psicóloga.

Fernanda avalia que os adultos de hoje são 'adulterados', pessoas que têm idade para serem adultos, mas não entendem o que é responsabilidade ou consequência. Não sabem como lidar com a tristeza, porque não há lugar para isso no mundo em que viveram. A tristeza afasta as pessoas no mundo virtual, faz perder 'amigos'.  


O resultado é o excesso de remédios para afogar os sentimentos, é o foco no mundo virtual, no poder, na beleza. É a não-aceitação do envelhecimento ou os efeitos da gravidez no corpo. “Quando a amiga vai visitar a outra que teve bebê, a primeira reação é – olha, como você está magra, ótima. E depois é que vem o bebê. Ficamos distantes de nós mesmos, sem saber quem somos. Não aceitamos que o tempo traz coisas boas”, define a especialista.

Inversão de valores
A questão do aumento das cirurgias plásticas entre os adolescentes esbarra também na inversão de valores – pais inseguros resolvem assumir a posição de 'amigos' dos filhos, e jamais dizem ‘não’. O ‘não’ vai gerar um trauma; e o trauma é ruim. “Os pais geram um ciclo muito negativo para o ser em formação. Eles pensam - se eu repreender meu filho, ele vai se tornar rebelde, vai usar drogas. E a criança fica sem limites e sem referência”, exemplifica a profissional. Fernanda Seabra provoca: o jovem que só ouve ‘sim’ dos pais, aceitará um não da namorada?

No caso da filha que pede uma lipoaspiração ‘de presente’, é comum que a mãe também esteja na mesma onda. “Se eu quero ver a minha filha feliz, ela tem que fazer isso”, é a frase que vem à cabeça. “Muitos pais não entendem a alternativa do diálogo franco - explicar que neste momento ainda é cedo para uma intervenção desse porte. A vontade no futuro pode ser outra, pode ser até oposta”, pondera.

A psicóloga completa esse raciocínio com a questão das pequenas misses, submetidas a tratamento de beleza quando ainda têm 3, 4 anos. “Não é uma realização da criança, é da mãe”, alerta.


Fernanda considera que as consequências de 'pular etapas' refletem-se de forma drástica na vida desses adolescentes, e não só na estética. “Se há falta de limites e permissividade total, a vida sexual também se inicia mais cedo. Quando ela começa antes que o corpo esteja pronto, corremos o risco de ter uma geração de meninos e meninas que simplesmente não têm prazer. Eles transam mesmo assim, porque 'todo mundo transa'”, alerta a especialista.

Mundo interior desconectado
Todas essas questões, que parecem mais externas – o cabelo liso, o corpo escultural, o peito grande – estão vinculadas, na verdade, a uma dificuldade de construir o mundo interior. Fernanda aponta que, para haver conexão verdadeira consigo mesmo, é necessário perguntar-se: do que eu gosto? O que me satisfaz? O que me deixa feliz? Do que eu não gosto em mim? Como lido com essas coisas que eu não gosto? “Se a resposta a essas perguntas for relacionada apenas às aparências e a objetos de consumo, é tempo de parar e pensar”, diz Fernanda.

Quando não há pausa para pensar, só teremos tempo para o mundo das imagens, para as dietas malucas e os transtornos alimentares. “É por isso que o nariz imperfeito torna-se fonte de sofrimento. É por isso que não toleramos as outras pessoas, é por isso que nós nos desumanizamos. Muitas vezes, só na dor e na perda é que conseguimos fazer essa conexão interior. Temos que ensinar nossos filhos a questionar”, reforça. “E isso vale para a obsessão pela beleza, para a dependência química (hoje, meninos de 12 anos já são internados para tratar a dependência do álcool), para as crises naturais da adolescência. Você deve mostrar ao seu filho ou filha que ele tem valor, mesmo que a vida traga alguma frustração - e ele tenha que lidar com ela”, conclui a psicóloga.

Fernanda Seabra lembra que o problema não está na ferramenta ou na rede social em si. Ela oferece uma infinidade de aplicações positivas. A preocupação está no preparo para avaliar as posturas virtuais e o uso que cada um adota. Em todos os casos, a dica é: questionamento. Perguntar-se, de tempos em tempos, sobre os efeitos do online na vida real é sempre uma postura válida.

Sinais de alerta:

Caso você apresente algumas dessas características, está na hora de parar para pensar, segundo a psicóloga Fernanda Seabra:
  • dificuldade para desconectar das ferramentas online, causando atrasos em compromissos reais, por exemplo; ou noites insones;
  • sentir-se menos bonito ou interessante em comparação com os 'amigos' das redes sociais;
  • o número de curtidas e comentários em 'selfies' no Instagram ou Facebook é motivo de preocupação e de verificação constante;
  • você tira mais fotos para mostrar que você está em determinado lugar do que para celebrar o momento ou indicar o programa aos amigos;
  • você não posta nada pessoal, mas acompanha a rotina dos 'amigos' e quer imitá-los;
  • você se sente tentado a fazer intervenções estéticas em função de fotos que vê nas redes sociais.
Leia mais: Sites UAI 

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Como encarar um divórcio com filhos no meio

Saiba como enfrentar essa difícil situação da melhor forma possível, tanto para o ex-casal quanto para as crianças


Divorciar-se nunca é uma decisão fácil de ser tomada, ainda mais quando há filhos que também sofrerão com a mudança. É preciso pensar neles em primeiro lugar e encarar a situação de forma madura e consciente para que as crianças passem pela transição da melhor maneira possível.

É sempre bom lembrar que separação é diferente de divórcio. A separação significa apenas a extinção dos direitos e deveres do casal, mas, na prática, o homem e a mulher continuam casados e, portanto, não podem unir-se em matrimônio com outra pessoa. Já no caso do divórcio existem duas ações possíveis: extrajudicial e judicial, que ocorre na presença de um juiz.

Os pais que possuem filhos menores de idade devem escolher o divórcio judicial. Nesse caso, eles podem optar pelo processo consensual, no qual as questões burocráticas são acordadas entre eles, e o casal decide com quem os filhos vão ficar. Essa é a opção mais saudável para ambas as partes e, principalmente, para a criança. Caso não haja um acordo entre o casal, ocorre o processo litigioso, em que uma das partes entra com uma ação judicial contra a outra, disputando os bens e a guarda. Essa situação costuma trazer bastante sofrimento tanto para os pais quanto para os filhos, que se veem no meio de uma briga sem fim. É importante observar que todas as decisões e acordos devem ser feitos longe das crianças.

 

Tipos de guarda


Quem decide a guarda é o juiz. “A partir dos 12 anos a criança pode decidir se ela quer ficar com a mãe ou pai, mas não necessariamente o juiz irá acatar esse pedido”, afirma o advogado especialista em direito de família Nelson Sussumu (SP). Há dois principais tipos de guarda:
Unilateral: é atribuída a um dos genitores, em geral a mãe. A parte que não ficar com a guarda continuará com dever de assegurar a proteção e o desenvolvimento saudável da criança, além de poder participar efetivamente da vida dela, com visitas frequentes e envolvimento nas atividades do filho.
Compartilhada: nesse caso, todas as decisões referentes à criança são tomadas em conjunto, pelo pai e pela mãe. Deveres de sustento, educação e saúde são compartilhados, assim como o direito à convivência constante. A participação na vida do filho, dos dois lados, se torna mais ativa do que quando existe a guarda unilateral. Segundo Nelson, essa é a melhor opção para a criança. A guarda compartilhada ainda pode ser alternada, quando o filho vive um período com a mãe e outro com o pai.

 

Como contar sobre o divórcio


O ideal é que durante o processo de separação a família tenha o acompanhamento de um psicólogo para adaptar as crianças a essa nova fase. Segundo a psicóloga Ana Lúcia Castello, do Hospital Infantil Sabará (SP), o pai e a mãe devem contar juntos para as crianças sobre o divórcio, explicando que eles não vão mais morar juntos, mas que continuarão sempre por perto. É necessário passar muita segurança. Se a criança for muito pequena, ou o motivo da separação for traumático, não é preciso contar os detalhes. “Se ela quiser saber o motivo, os pais devem dizer que foi algo que aconteceu aos poucos, que com o tempo eles perceberam que não queriam mais ficar juntos. Tem que deixar claro que isso é um problema deles e que o filho não tem culpa de nada”, explica Ana Lúcia.

A criança precisa estar consciente de que a partir de agora ela terá duas casas e que irá morar com um dos pais e visitar o outro frequentemente. É importante que ela saiba como essa nova rotina irá funcionar para que a adaptação seja mais tranquila. Contextualizar, com a ajuda de desenhos e brinquedos, a casa da mãe e do pai, o que terá em cada um desses lugares e como será o dia a dia vai ajudar na assimilação da criança. Ela precisa conhecer para se sentir segura e confortável com a nova situação.

 

Possíveis reações dos filhos


O comportamento das crianças diante de um divórcio varia de acordo com a idade. Em geral, quanto menor é o filho, mais fácil será a adaptação. Mas, a mudança brusca pode causar angústia e ansiedade que se refletem em reações regressivas como fazer xixi na cama ou dar chilique por tudo, principalmente com o intuito de chamar a atenção. Além disso, é comum a criança se sentir abandonada ou culpada, achando que o divórcio dos pais é responsabilidade dela.

A partir dos 6 anos, o filho tende a apresentar alterações emocionais dentro de um contexto agressivo ou retraído. A criança costuma se isolar no quarto ou ter atitudes hostis. Ela também pode se sentir culpada pela situação, principalmente se for uma criança desobediente, que acha que o seu comportamento influenciou no relacionamento dos pais.

Para minimizar as reações dos filhos durante e após o processo, os pais devem manter um relacionamento saudável, tranquilizar a criança e deixá-la confiante de que tudo vai dar certo. A separação precisa ser vista não como uma perda, mas como uma nova situação.

FONTE: Revista Crescer